[PREMIERE] As Good Vibes de Renan Brodinho

Responda rápido: qual a última genuína música pop de qualidade você ouviu nos últimos anos no Brasil? Não, não vale citar bandas de gêneros híbridos de duas sílabas (e nenhuma substância).

Se for esse o seu caso, você precisa ouvir o segundo single do mineiro com a alcunha mais afável que você irá encontrar: Renan Brodinho. “ Errante”, que chega como um alívio em meio à desgraceira pandêmica, foi gravado no estúdio Ilha do Corvo em Belo Horizonte e ainda contou com a participação do nosso “manager da cena”, Luís Couto (Devise) nas Guitarras e, de quebra, Leonardo Marques (Transmissor) na percussão e produção classuda. Como o próprio Brodinho interpreta, “Errante”, além de pop de qualidade com ares de Guilherme Arantes e Phoenix, fala sobre reencontro.

“Errante” retrata o mergulho em uma viagem introspectiva e transformadora, o trilhar incerto e incessante em um caminho de busca, (re)descoberta e (re)encontro consigo mesmo.

Renan Brodinho

Além de deixar sua impressão digital numa faixa atípica em relação à porrada britpop que caracteriza Devise e Churrus, Luís Couto mais uma vez usa seu carisma em prol da divulgação do trabalho do seu conterrâneo, um amigo de longa data e de muitas partidas de vídeo-game. “A gente até brincou que parecia que estávamos em alguma praia da Bahia fazendo esse som. Uma brisa leve nesses dias loucos de pandemia“, ri Lulu.

Eu e o Renan temos uma amizade de longa data. Ele é uma das melhores pessoas que eu já conheci. E desde quando ele me mostrou as primeiras composições, há alguns anos, eu comecei a insistir que ele gravasse esses sons. Fico feliz que isso tá vindo pro mundo agora. Eu recebi o presente de gravar essas guitarras, que saem da esfera de tudo que já produzi até hoje. Não tem muito a ver com as guitarras da Devise ou do Churrus. Tanto em relação aos arranjos, quanto aos timbres. Foi uma das gravações mais legais que eu já fiz. Leve e despretensiosa, como essa música é.

Luís Couto (Lulu) – frontman da Devise e Renan Brodinho

De São João del Rei para o mundo

RC: Você está inaugurando sua carreira solo agora. Como foi essa estreia com uma gravação na tradicional Ilha do Corvo? Qual a contribuição para o som?

RB: A escolha pela Ilha do Corvo não é de agora. Adoro a sonoridade analógica e sempre acompanhei os trabalhos do Leo Marques, então gravar no estúdio foi só uma questão de tempo e oportunidade. Se eu já era fã do Leo, agora sou ainda mais. Ele é um baita profissional e o estúdio é incrível. Além de produzir, ele também participa nas percussões da música. Um cara fundamental nessa escolha sonora foi meu grande amigo Luís Couto da banda Devise, que também contribuiu com as guitarras desse novo trabalho. A estética da musica pedia essa sonoridade mais vintage que o estúdio proporciona, e eu acho que ficou muito legal. O Leo fez um excelente trabalho e contribuiu muito pro resultado final.

RC: Vindo de São João del Rei, como está o mercado de música autoral no interior do Estado? Depende ainda das capitais?

RB: No interior, de uma maneira geral, a música autoral é difícil, o mercado cover ainda é muito forte. A grande dificuldade que vejo é encontrar locais e oportunidades para mostrar o seu trabalho. São João del Rei, no entanto, é uma cidade diferenciada, tem uma cena musical autoral eclética muito viva e interessante. A cidade respira arte e cultura, tem muita gente talentosa e muita banda boa. Quanto à questão da relação com a capital, acho que, dependendo do tipo de som, alguns trabalhos autorais podem mesmo encontrar mais espaço e receptividade do que no interior. Mas sinto que isso vem mudando ao longo dos anos.