Moda e Música com Isa Menta: a vez de Lana Del Rey

Moda e Música com Isa Menta: a vez de Lana Del Rey

Oi, gente! Isa Menta aqui começando mais um Moda e Música, o quadro que reúne histórias, curiosidades e indicações dos dois universos no Esse Tal de Rock and Roll! Como a dona dessa coluna é uma boa apreciadora de festivais por aí a fora, não poderia deixar de falar, claro, do Coachella, que rolou nos dias 12 a 14 e 19 a 21 de abril nos Estados Unidos. Em meio a grandes nomes no lineup, como Doja Cat, Tyler, The Creator, Sabrina Carpenter, Tyla (aquela da música que estourou no TikTok), J Balvin, e outros, o que chamou mesmo a atenção foi a performance da doce – e triste – Lana Del Rey.

Sem dúvidas, o último show dela no Coachella pode ser considerado como a consolidação oficial de sua carreira no sentido de se tornar uma referência musical de fato. Que ela já fazia sucesso antes, não é novidade, tanto que logo quando lançou “Born to Die” em 2012, o álbum debutou a segunda posição da Billboard 200 nos Estados Unidos e obteve certificado de platina em 16 países do continente europeu, atingindo a primeira posição das paradas musicais em sua semana de estreia. Foi também o disco mais vendido de 2012 na Austrália.

A performance do festival foi marcada principalmente pela maestria com a qual ela superou as dificuldades que surgiram antes mesmo do dia da apresentação chegar. Pouco tempo antes da data, ainda durante a produção, o empresário de Lana se demitiu sem mais, nem menos, depois de 15 anos na equipe. E isso todos hão de convir: a montagem de cenário desse show foi um dos mais elaborados e complexos de sua carreira. Isso porque boa parte dele fazia referências às suas próprias músicas, com elementos como azulejos que se conectavam com os do túnel embaixo da Ocean Boulevard (também presentes no seu último álbum) e rachaduras de ouro nos pilares, que faziam alusão à técnica japonesa de reparar cerâmicas quebradas que ela menciona em “Kintsugi”. Além disso, o palco contou com um pole dance, que em meio a performance de Jon Batiste no piano, foi o centro das atenções para um giro que Lana deu e viralizou nas redes sociais.

Durante um bom tempo, a cantora foi alvo de críticas pela forma como ela leva seu show e em parte eu concordo com esse incômodo, já que geralmente ela não canta todas as músicas por completo (assim como vários artistas), deixando para que o público complete as letras. Outro motivo é pelos setlists serem meio repetitivos, mesmo em meio à diversos hits que acumula ao longo de sua carreira. De início, era mais compreensível justamente por ela estar começando na indústria, sem muitas músicas autorais para apresentar. Foi nesse momento, inclusive, que Lana foi alvo de duras críticas, “ostentando” o título de pior show da história do programa, quando se apresentou no Saturday Night Live e só tinha duas canções próprias. Mas para o patamar que ela chegou, por todos os números que acumulou e músicas famosas que compôs, acredito sim que ela poderia variar um pouco mais a essa altura do campeonato. A grande diferença nesse Coachella esteve no tempo de seu show, que inclusive foi um fato que gerou multa de 145 mil reais pro festival, por ultrapassar 13 minutos do previsto. Em outras apresentações, era comum a cantora encerrar antes do esperado.

Outra grande surpresa foi a presença de Billie Eilish no palco pra um dueto com a rainha do pop melancólico. As duas cantaram “Video Games” e “Ocean Eyes” e Lana chegou a apontar Billie como uma das maiores vozes dessa geração, o que os números acabam comprovando na minha visão. Eilish, por sua vez, mencionou o fato de Lana ter mudado o cenário da música para várias garotas.

No Coachella, a performance já começou lá atrás do início oficial do show, quando Del Rey e suas dançarinas vieram de moto em direção ao palco em meio ao público de mais de 125 mil pessoas, fazendo referência, mais uma vez, a uma de suas músicas. “Jealous Girl”, foi o ponto alto para realmente consolidar Lana como uma das maiores. Sequer lançada ainda, levou os fãs ao delírio. O grande diferencial dela é que ela não é uma cantora de pop convencional ao meu ver. A sonoridade de suas músicas remete muito a algo melancólico, retrô, com ultrarromantismos e seu posicionamento de imagem fora dos palcos também condiz com a sensação que ela pretende passar com seu trabalho dentro deles. Apesar de não ser o estilo de música que eu consumo e realmente gosto, é inegável que ela tem uma voz belíssima. No final das contas, ela tem uma estratégia muito bem alinhada para atingir um público que passa tanto pela comunidade LGBT, quanto pelos adolescentes e adultos de fora dela que se identificam de alguma forma com as letras.

O que me impressionou mesmo nesse festival em relação a ela foi o figurino impecável, assinado pela Dolce & Gabbana. Logo na sua chegada, a cantora brilhou com um vestido azul todo trabalhado em cristais Swarovski, um dos mais caros e renomados do mercado e em seguida, trocou por outro da mesma marca, mas com franjas que faziam referência ao estilo luxuoso e boêmio dos anos 20, já que ela tem participação na trilha sonora de um filme que se passa nessa época. O cenário do palco, claro, acompanhava nesse momento toda a estética do longa. Outro ponto que chamou a atenção de muita gente e a minha também foi a bota cravejada e personalizada com cristais cintilantes da marca Christian Louboutin, do designer francês que tornou o scarpin com a sola vermelha sua marca registrada. Hoje é considerado um dos sapatos femininos mais tradicionais no mundo da moda.           

Com a repercussão toda que o festival geralmente tem nos outros anos, achei que esse ano as redes sociais andaram de forma mais lenta em relação aos comentários de uma forma geral. Geralmente, para quem é do público da moda, quando o evento vai se aproximando, o TikTok por exemplo é tomado por vídeos de looks e produções para o Coachella (principalmente pelo fato de ser um local que conta com figuras bem conhecidas marcando presença na plateia) e esse ano eu particularmente notei uma diminuição drástica do hype em cima disso. Acredito que muito se deve ao fato de que querendo ou não o festival tem uma pegada diferente dos outros que vemos por aí, como Lolla e RiR, já que entra numa vibe mais “boho chic” que não tem nada a ver com o público dos demais, que preza principalmente pelo conforto. Como é um evento em que é esperado ver famosos e ricos para todos os lados, com o tempo notei que essa “estética Coachella luxuosa” veio perdendo um pouco da força nas redes para as pessoas “comuns”. Mas sem dúvidas o show de Lana foi um sucesso, o que comprova mais do que nunca que ela está longe no flop.

E você, o que achou do evento desse ano? Me conta lá no instagram, @isaamenta, eu sou a Isa Menta e esse foi mais um Moda e Música, reunindo histórias, curiosidades e indicações no Esse Tal de Rock and Roll. Obrigada e até a próxima!

Ouça novamente a coluna Moda e Música com Isa Menta:

Isabella Menta

Isabella Menta

Isabella Menta (ou só Isa) é mineira, designer de moda e bacharel em ciências humanas, atualmente cursando ciências sociais na UFJF. Apaixonada por moda desde cedo, decidiu unir dois universos até então distintos (mas que se complementam) através do quadro Moda e Música, trazendo histórias, curiosidades e indicações.