Gabri Colen: crescendo – e renascendo – em público
É sempre bom para a cena da música autoral mineira quando um artista abre mão de um passado marcado por buzz e muita música cover para, tão somente, investir em música autoral. Mas não qualquer música: não é música para aparecer garboso no palco da escola ou do Jack Rock Bar (o que dá na mesma), muito menos para adulterar algoritmos e arrancar uma escalação no Breve ou qualquer outro festival que se diga diverso por aí.
Não. A música que o jovem Gabri Colen se aventura a fazer nos seus 21 anos é aquela que põe à prova o seu talento, expõe o que tem de bom – e improvável – e , no melhor trocadilho com o título do seu primeiro EP, o faz renascer diante do público que o acompanha desde a precoce Poison Gas, banda de rock juvenil que formou nos anos 2000 com amigos de Santo Agostinho.
Em um processo de composição e produção que perpassou a pandemia e durou quase 2 anos, o Ep “Constante Nascer” finalmente debutou em todas as plataformas digitais com direito a evento de lançamento na casa Camô, centro cultural localizado no bairro Santa Tereza, na Zona Leste de Belo Horizonte.
O disco traz 4 singles que pretendem ser igualmente trabalhados daqui para frente: “Olhar Abissal”; ”O Elefante”; “Mais” e “Vida Eterna”. Todas as faixas foram gravadas – adivinhem – no tradicional estúdio Ilha do Corvo e foram Produzidas, mixadas e masterizadas por Leo Marques, que, além de trabalhar com praticamente todos os artistas independentes de Minas e Brasil afora, conta com um troféu de vencedor do Grammy Latino de 2022 na sua estante.
Segundo Colen, o estilo do Ep é indie rock, mas não surpreende ao pontuar Beatles como uma de suas maiores referências tanto para essa obra quanto em sua carreira, já que, com sua banda Poison Gas, esteve presente na charmosa “Beatleweek” em Londres. Cazuza e Skank também são nomes de igual destaque no processo de composição do artista. Letras metafóricas, profundas e subjetivas não passam despercebidas, uma tendência que o leva ao mesmo patamar de outros notívagos da nova safra belo-horizontina, como é o caso da Daparte, Chico e o Mar e, recentemente, do Escadacima. Um dos singles de destaque é “Elefante”, cujo real significado foi tema de enquete nas redes sociais de Colen:
“ O interessante é que cada pessoa trouxe uma concepção totalmente única e diferente sobre a música. Dar espaço para subjetividade faz parte de fazer arte”.
Gabri Colen sobre “Elefante”
No que diz respeito à sonoridade, bandas brasileiras que regurgitam a gringolândia traduzindo tudo num ritmo único como o O Terno e Maglore são outras grandes referências para Colen. Nomes aplaudidos pela atual cena da MPB que, por tabela, ajudam a situar seus ouvintes sem que seja necessária uma rotulação, pois seu trabalho vai além do prisma musical, envolve cinema e literatura, especialmente Clarice Lispector.
Com “Constante Nascer”, Gabri Colen se apresenta na indústria musical mineira com autenticidade. O EP é marcado pelo som que resiste ao imediatismo das fórmulas midiáticas e dá espaço à subjetividade das interpretações de sua arte. Seja por meio da nostalgia, ao resgatar elementos clássicos ou na experimentação de novas novas possibilidades, Colen dialoga com quem o ouve de igual para igual e demonstra que ainda existe espaço para artistas que buscam mais do que apenas popularidade instantânea.
“Constante Nascer” está disponível em todas as plataformas de streaming
Com a colaboração de Marcos Tadeu