A-ha no Rock in Rio: Noite de lágrimas e nostalgia
Quando o show do A-ha no Rock in Rio começou, por um instante fechei os olhos. Eu me imaginei em 1989, sentado sobre as caixas de som da minha vitrola, com a capa de “Scoundrel Days” nas mãos. É que, depois de tantas repaginações de seus clássicos, o A-ha preparou uma surpresa que só os verdadeiros fãs entenderiam: as versões originais. Sim, todas foram apresentadas tal como estão nas bolachas: o “Cry Wolf” com a intro indecifrável de Morten, o solo interminável de “I’ve been Losing You”, os trovões de “Stay on these roads” (até então, exclusivamente acústica). “Move to Memphis” antes do remix…Só “You are the One” ganhou nova roupagem, que, sinceramente, achei muito melhor e menos primária…
O set list me deu impressão de ouvir algum dos tantos “The Best” deles, dúvida dirimida com a inclusão de “Forest Fire”, um rascunho de “Take on Me”:
Os melhores reclamarão: o show está no piloto automático, meu caro! Eu sei, não tem sido fácil para o A-ha, com ou sem kits ao redor do país… Pra piorar, a chuva não deu trégua e travou ainda mais o tímido Morten (56 anos, gente!), que em poucos momentos se desvencilhou do tique clássico de ouvir o seu retorno no ponto – e não fez questão alguma de tirar os óculos. Sobrou para Mags, como sempre, o papel de levantar o público e tentar algumas frases em português. Já o público do gargarejo se debulhava em lágrimas…e chuva! Lindo…
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Mas o fato é que, hoje, o A-ha é um artista solitário no cenário pop dominado por dubs, cantoras estereotipadas e canções encomendadas – aliás, Ryan Tedder teria muito a aprender só de assistir aos noruegueses. Foi-se o tempo em que a música pop era calcada unicamente em músicas bem escritas e, vá lá, um ou outro músico bonitinho. As moçoilas de hoje são incapazes de reconhecer o vigor de um “Take on Me” ou “Manhatan Skyline”, mas aderem fácil, fácil ao balanço artificial de um Justin Bieber, por exemplo.
O show, em si, foi compacto, pois o A-ha não foi o headliner – uma anomalia que não deve ser perdoada… Mas enquanto os novos nomes como Rihanna sobem ao palco para cumprir as cláusulas mínimas de um contrato, com hits cortados pelo meio e playbacks, o A-ha mostrou que competência não se determina por tempo de duração do espetáculo, mas sim pela força das canções – ainda que a maioria delas tenha mais de 30 anos.
E você, o que achou do show do A-ha no Rock in Rio? Conta aí nos comentários!