20 anos do álbum do Oasis que marcou minha vida
Exatamente 20 anos atrás, eu era apenas mais um adolescente contaminado pelo brit-pop. Meu estado febril fazia com que eu ouvisse “Slide Away” até rachar os vidros da casa com meus falsetes desafinados e não deixasse uma fresta sequer do meu quarto descoberta pelos pôsteres mais diversos, entre os quais os dos irmãos Gallagher e as expressões mais carrancudas possíveis.
Claro, tirei todas as músicas de “Definately Maybe” na guitarra e até dei uma de Liam cantando “Live Forever” em uma banda cover de Oasis, a malfadada Black Garden (não me perguntem o porquê do nome) – que teve a duração de 21 ensaios, uma demo tape vergonhosa e um show particular numa festa de aniversário. “Maaaaaybe…“
A impressão que eu tinha era a de que o Oasis não precisaria ir mais longe do que aquilo: já tava bom demais!!! Pelo menos até o dia em que me deparei com um Oasis enxuto (Sem Guigsy e com novo baterista) interpretando “Morning Glory” no programa do David Letterman:
https://www.youtube.com/watch?v=bfk4XRLY2b4
Caralho, eu pensei, os caras conseguiram de novo!!! Fiquei encantado com a síntese harmônica de “Morning Glory“: com pouquíssimos acordes, o Oasis soava como nada que eu já houvesse escutado antes. Para mim, eram até mesmo maiores que os Beatles. Claro, corri para a saudosa Urban Cave, uma loja de raridades que ficava na Aimorés, em BH e, como o álbum que mudaria minha vida ainda não estava disponível, comprei o single de “Morning Glory” em versão cardboard.
Eu me lembro de segurar esse single pela primeira vez. Aquela logo em preto e branco que indicava alguns minutos a mais de pura epifania. A foto meio tosca, talvez improvisada. E 4 faixas impecáveis para qualquer fã de rock pirar:
- Morning Glory
- It’s Better People
- Rockin Chair
- Live Forever (Live)
Não demorou nem uma semana e a Urban Cave já tinha suas cópias de “(WHAT’S THE STORY) MORNING GLORY”, álbum que era comprado freneticamente por quem quer que adentrasse o estabelecimento, em meio aos bootlegs do Nirvana ou do cultuado “Pinkertown” do Weezer.
Para você ter a dimensão do que senti quando inseri a nuca do Noel no meu velho cd player Philips, eu preciso resgatar um pouco daquele 1995. Afinal, eu nunca havia cheirado, fumado, bebido, muito menos perdido a virgindade. Música era não só a válvula de escape de um mundo totalmente hostil a mim, era a minha própria vida. E aí vem um “Hello“, do nada, e me pega em cheio com aqueles riffs na intro… “I don’t feel as if I know you…”
Puta que pariu.
Agora me bateu uma onda… Quanto tempo um cd não me faz sentir assim??? Chapado de prazer e louco de felicidade? Liam, meu Deus, que vocal estrondoso, assombroso, dá até medo … Noel, “THE CHIEF”, de onde tira tanta inspiração para sacar da mesma cachola a porrada de “Morning Glory” e o hit eterno das rodinhas de violão “Wonderwall“???
Para um adolescente virgem, ouvir “Wonderwall” era a experiência mais próxima de qualquer transa. Já “Don’t Look Back in Anger” me fez acreditar no poder do rock and roll de arena, principalmente quando vi um Noel vigoroso a interpretando pela primeira vez, no Brit Awards de 1996:
Os 20 anos de “(What’s the Story) Morning Glory” são festejados não só porque se trata do segundo maior álbum do Oasis, mas porque a indústria musical nunca viu um produto tão coeso e, ao mesmo tempo, repleto do potencial de uma bomba atômica. Pena que os Gallaghers não souberam lidar com o efeito colateral do que viria a seguir, entregando, dali em diante, álbuns menos brilhantes.
Ou seria a qualidade superior de “(What’s the Story) Morning Glory” tão impossível de se alcançar? Você decide!
PS: Ah, sim, eu transei algum tempo depois do lançamento do segundo disco do Oasis, e garanto que foi tão bom quanto a versão sem cortes de “Champagne Supernova“.
Agora é sua vez: qual sua faixa preferida de WTSMG? Conta pra nós aí nos comentários e mantenha essa polêmica acesa!!!!