Fim de semana com Anzai
Não há como dizer que o pop esteja totalmente saudável em tempos pandêmicos. Com raras exceções do naipe de Dua Lipa, estamos vivenciando um período de composições e interpretações soturnas, ressaltando o folk e álbuns introspectivos – como é o caso de “Folklore” e “Evermore” de Taylor Swift e “Punisher” de Phoebe Bridgers, ambas artistas americanas cogitadas pelo Grammy.
Ignorado pelo Grammy: The Weekend e seu pop sádico inspirado em Prince que marcou 2020
No entanto, quem diria que o prenúncio da salvação do gênero se originaria logo do Rio de Janeiro, com a sonoridade synth-pop mais gostosa e, principalmente, honesta que você certamente ouvirá em 2021? Estou falando da Anzai, que na verdade se trata do sobrenome do principal compositor, Paulo Anzai.
A nossa intenção é sempre trabalhar com sinceridade e verdade, e assim ajudar a pessoa a sorrir, dançar, se expressar e se entender. Esse é o poder da música.
Paulo Anzai
2 toques com Anzai
RC: Se já é difícil fazer um pop honesto no Brasil hoje, como é fazer pop em um estado tão saturado de problemas sociais, sanitários e políticos?
PA: A Anzai enquanto grupo integrante do grande guarda-chuva musical que é o pop, sabe da importância da música como instrumento fundamental de entretenimento, mas não como forma de tapar os olhos de ninguém. Temos sim a vontade de fazer parte de um pop consciente, nos tornarmos figuras formadoras de opinião, e seguir aceitando a música como forma de canalizar nossos sentimentos. A nossa intenção é sempre trabalhar com sinceridade e verdade, e assim ajudar a pessoa a sorrir, dançar, se expressar e se entender. Esse é o poder da música. Em relação à situação da nossa cidade, acredito ser um reflexo da situação do país como um todo, e obvimente nos deixa descontentes e com vontade de contribuir com mudanças significativas. Não acreditamos nas forças políticas que estão nos guiando no momento.
Mais do que nunca, 2021 anda agitado para a Anzai. A banda acaba de lançar o segundo single do que será um EP conceitual – com início, meio e fim. “Semana” é um pop solar, de letras reflexivas e influências modernosas como Foster The People, e uma melodia que, adivinhe, gruda na cabeça logo à primeira ouvida. Estamos em um território, pelo menos hoje em dia, pouco explorado por artistas que fazem as paradas radiofônicas no Brasil do funk e sertanejo: o território das canções bem escritas. Alô, Guilherme Arantes!
“Você me faz despertar a vontade de me entender só pra te contar
Como eu era e como vim parar aqui
São horas e horas de conversas sempre a fluir
O jeito que eu falo te encanta e te encoraja a se abrir”
Anzai nasceu da vontade de uma expressão musical livre e sem amarras. O projeto foi iniciado por Paulo após o fim de seu projeto musical anterior. De forma natural, Thiago Pege e Ruben Barbosa se uniram ao trabalho e ao longo de 2019 passaram a construir as canções que estarão no EP de estreia, a ser lançado em breve com outra faixa ainda inédita, conforme antecipa Paulo.
RC: O primeiro single lançado do EP anunciado ia numa direção oposta à “Semana”. “Eu não fecho os olhos”, além de ter um clipe visualmente deslumbrante, conversa com o folk e a tal nova mpb. Qual, afinal, é a proposta do Anzai e o terceiro single vai pender para qual dos lados já vislumbrados até aqui?
PA: Primeiro, super agradecemos pelas palavras em relação a “Eu Não Fecho os Olhos”! Essa música na realidade não estava nos planos iniciais da Anzai. A questão é que o distaciamento social nos fez repensar nossa dinâmica de trabalho e optamos por um formato mais acústico. Nossos próximos lançamentos terão uma maior proximidade com a sonoridade de “Semana”, mais voltados para o SynthPop. A proposta da Anzai é perambular pelo Indie Pop e mesclar influências brasileiras com o gênero.
E você, também entrou de cabeça no som viciante do Anzai? Conta pra nós aí nos comentários e não deixe de compartilhar com seus amigos.