Os Roucos: do bueiro para a fama
Se você acha que, em pleno 2021 pandêmico, o bom e velho rock perdeu o seu potencial de rebeldia e diversão para os demais (sub)gêneros, pense novamente. O trio paulistano Os Roucos vai te fazer mudar de ideia e cair na pista (mesmo que ela seja a sua sala de jantar). “Nosso propósito é fazer um som pra levantar o astral de quem escuta mas não de maneira fútil, acho que dá pra conciliar reflexões pertinentes de uma maneira leve, não que seja errado de outra forma, essa é apenas uma característica nossa“, pontua Noel Rouco, vocalista e guitarrista.
“Cat in the window” (não confundir com “Cats in the cradle” do Ugly Kid Joe) é o novo single que a banda acaba de lançar. Mas engana-se quem pensa que se trata de mais um grupo de indie rock brazuca que canta em inglês, afinal, o inglês, aqui, se resume ao título, que também é o refrão desse petardo que dialoga muito bem com o “Kerplunk” do Green Day – disco lançado bem antes de se levarem a sério demais. E a longevidade do Green Day, de certa forma, é uma meta a ser alcançada também pelos amigos Roucos.
A ideia é que a banda siga carreira até a gente ficar velhinho, estamos todos empolgados e nos damos muito bem, tanto na parte artística quanto na amizade.
Noel Rouco – Voz e Guitarra dOs Roucos
Roucos, porém, afinados
Formado em meados de 2020, Os Roucos é um trio composto por figuras conhecidas da cena musical independente. Noel Rouco (voz e guitarra) carrega no currículo uns bons anos à frente da banda Rock Rocket e outros tantos como agente dos grupos Plebe Rude e Inocentes. Rodrigo Luminatti (baixo e voz) também já compôs diversas bandas, entre elas a Motores e a Vir Go, e trabalha ao lado de Kiko Zambianchi. Guto Gonzalez (bateria), produtor musical à frente do Estúdio Lamparina, também circula no meio com naturalidade. Daqui para frente, o planejamento da banda consiste em lançar mais um single em 2 meses e, finalmente, um disco completo no meio do ano. Segundo Noel, algumas músicas já estão prontas, e outras em desenvolvimento.
2 Toques com Noel Rouco
RC: Vocês e os 2 integrantes dOs Roucos têm um trânsito intenso nos bastidores da música/showbizz. Neste momento em que a pandemia ceifou o emprego de muita gente neste meio, vocês decidem formar a banda, quase que na contramão….e de rock ainda por cima….conta um pouco pra nós dessa (s) decisões de vocês.
NR: A pandemia acertou em cheio a nossa área de trabalho, assim como a de muitas outras pessoas. Por um lado, estamos nos virando como podemos pra conseguir superar esse desafio gigantesco, financeiramente, psicologicamente. Por outro lado, abriu um espaço. Antes das pandemia estava mais difícil começar do zero de maneira prática um projeto na música. Esse vácuo que se formou com a ausência dos shows e os projetos que foram temporariamente interrompidos fez surgir uma necessidade interna de desenvolver algo novo, artisticamente falando, até para manter o ânimo e a motivação durante esse período difícil. Antes do Os Roucos ser oficialmente fundado, eu já tinha conversado com o Guto (baterista) pra gente montar uma banda nova, mas no meio da correria habitual foi um assunto que ficou de lado. Quando chegou o Coronavírus e a gente percebeu que as coisas não voltariam ao normal tão cedo, retomamos as conversas pra tirar a ideia do papel. Ajudou muito o fato de todo mundo ter experiência na área, conseguimos ser bem objetivos no processo. Por mais que o momento atual seja péssimo em todos os sentidos, estamos olhando mais adiante, não pensando somente no imediato. O rock não está em alta agora, por vários motivos, mas tanto eu quanto o Guto e o Rodrigo Luminatti (baixista) fomos artisticamente forjados no bueiro do rock underground nacional, não teria como fazer algo que não caminhasse ao lado do que foi a nossa história até aqui.
RC: Você tem uma relação com Plebe Rude, Inocentes, entre outras bandas. O que dá pra depreender da convivência com esses medalhões, praticamente patrimônio do Rock Brasil?
NR: É um privilégio poder trabalhar com essas bandas que são referências incontestáveis na história do rock nacional, é um aprendizado diário e uma satisfação muito grande. São bandas que têm os seus sucessos absolutos, mas que continuam produzindo material novo de altíssimo nível e com a mesma vontade, não à toa fizeram história. Eu já tinha uma estrada considerável no underground, mas o que aprendi de como trabalhar de maneira profissional nesse meio foi com eles. Estou indo pro sexto ano com a Plebe e o quarto com o Inocentes, o Rodrigo também trabalha há muito tempo com o Kiko Zambianchi, além de tanto eu quanto ele já termos trabalhado por um bom tempo com a Cachorro Grande. São muitas histórias, muita experiência e muito conhecimento musical que essa convivência possibilita. O Guto esteve à frente do Estúdio Lamparina por 15 anos, onde conheceu meio mundo da música também e foi onde nos conhecemos.
Assista ao lyric vídeo de “Cat in the Window”, novo single dOs Roucos:
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