Covid: 5 roqueiros de Minas que saíram de cena cedo demais
Há mais de 5 anos, quando o Rock Cabeça foi criado fundamentalmente como espaço para a música autoral no rádio mineiro, sempre me encheu de satisfação receber músicos de altíssimo nível que, no entanto, nem sempre encontravam uma mídia adequada para mostrarem um pouco do seu trabalho.
Por isso, é com profunda tristeza que eu listo, aqui, alguns artistas que certamente poderiam ter passado por algum Rock Cabeça, mas foram impedidos, definitivamente, pela pandemia que, totalmente descontrolada no país do genocida e seu plano de morte sumária, não mais escolhe faixas etárias para vitimar.
Todos são jovens – ou muito jovens – demais, e deixam, para trás, não só fãs, mas corações despedaçados e a sensação de vazio similar a um instrumento musical empoeirado no canto da sala. Que, ao menos por eles, a música nunca pare de tocar – ainda que inevitavelmente siga silenciada pela dor.
Endrigo Alvarenga (Baixista – Usina Lunar)
Fã de Engenheiros do Hawaii, o baixista Endrigo, um garoto de apenas 38 quando levado pelo coronavírus, teve como grande marco a sua participação no Usina Lunar, tendo inclusive gravado um DVD com a banda, na época em que DVD’s ainda eram verdadeiros diamantes do mercado fonográfico. O Usina foi formado em 2006 pelo vocalista Oldair da Silveira, o baterista Ronaldo Rodrigues, o guitarrista Everton Souza e o contrabaixista Felipe Lacerda.
Julian (Baterista – Cash/Singles/House of Grunge)
O cara conhecido como “King Julian” foi baterista de bandas reconhecidas e amadas pelos fãs da noite belo-horizontina – como Cash, Singles e The House of Grunge. Sua morte é lamentada especialmente pelo nosso amigo Daniel Lima, vocalista e amigo que o acompanhava em tantas empreitadas. Com a passagem do rei Julian, o circuito do rock nunca será o mesmo sem este grande fã de Metallica.
Julio Felício (Elétrica Uzifur)
Cantor, músico e compositor da lendária Elétrica Uzifur, banda que embalou o rock mineiro despirocado nos anos 80 ao lado de Sexo Explícito e Último Número. Deixa um disco inédito inacabado, com forte influência do Mangue-Beat. Extremanete crítico ao negacionismo bolsonarista, Julião, como era conhecido, será homenageado em edição especial do Rock Cabeça na Inconfidência FM.
Otton Arruda Neto (luthier/guitarrista)
Bastante querido na cena, Otton era guitarrista e luthier. Uma grande referência no instrumento que tanta amava, gerando admiradores de alto calibre, como Cláudio David, do Overdose.
Marcos Marliere (músico/professor)
Guitarrista do Patrulha 66, banda de punk-rock que inscreveu seu nome na cena juiz-forana nos anos 1980, Marcos Marlière, o Marquinho 66, chegou a apostar na vida fazendo shows, mudou-se para o Rio de Janeiro, conheceu plateias maiores, mas retornou e dividia-se entre o ofício de lecionar e tocar na noite. (Fonte: Tribuna de Minas) Vale destacar que Marquinhos é pai da Bruna Marliére, talentosa vocalista da Blend 87, que já tivemos o prazer de entrevistar no Rock Cabeça.
Que o ROCK CABEÇA celebre a vida desses e de todos que se dedicaram a enriquecer a música, e principalmente o rock, em um país tão sedento de cultura.
Conhece mais músicos que se foram em função da Covid-19? Conta pra nós aí nos comentários!