Moda e Música com Isa Menta: Saúde Mental e tours canceladas
Oi, gente! Isa Menta aqui começando mais um Moda e Música, o quadro que reúne histórias, curiosidades e indicações dos dois universos aqui no Esse Tal de Rock and Roll. Sem dúvidas, uma das maiores dificuldades que nós enfrentamos nos últimos tempos foi a chegada da Covid-19. Além das marcas socioeconômicas que foram deixadas e de diversos outros problemas, as discussões acerca da saúde mental durante e pós pandemia se tornaram, mais do que nunca, primordiais.
De acordo com a OMS, os casos de depressão e ansiedade aumentaram cerca de 25% desde o início do isolamento e só no Brasil, ainda como aponta a organização, temos a maior prevalência de transtornos de ansiedade nas Américas, tendo piorado 53% para os brasileiros (segundo pesquisa feita pelo Ipsos) sob pandemia.
Nos últimos meses, o número de artistas que cancelaram seus shows e turnês para cuidar da saúde mental mesmo após a retomada das atividades cresceu exponencialmente. Além da exaustão psicológica, mais do que nunca os artistas têm sentido as demandas da profissão. O desespero da indústria em compensar os danos gerados pela pandemia fez com que além dos prejuízos mentais, os problemas físicos também surgissem. O último caso foi da banda Imagine Dragons, que teve que cancelar suas performances na América Latina por problemas relacionados a saúde do vocalista Dan Reynolds. Desde a última etapa da turnê o artista vem enfrentando uma hemorragia nas cordas vocais seguida por um nódulo, que poderia se romper e gerar danos irreparáveis a sua voz caso não fosse tratada imediatamente.
Os cancelamentos acabam trazendo outra questão em relação a essa demanda excessiva, como comentou James Smith, vocalista da banda britânica Yard Act em entrevista. De um lado da história, os artistas não querem perder oportunidades por motivos óbvios. De outro, “as turnês infinitas” consomem numa velocidade altíssima o psicológico de quem a está fazendo. E assim como ele aponta “você pode dizer não às ofertas. Mas se você perde a tração, e então as oportunidades não surgem de novo, a culpa é sua.” De acordo com a Rolling Stone, existe no Reino Unido um projeto chamado “Music Minds Matter”, que oferece suporte 24h para músicos que precisam de ajuda mental. Um dos integrantes da organização declarou que os números relacionados a procura pela iniciativa subiram bastante. Dentre os motivos, além da pandemia e inatividade, veio a ansiedade e estresse sob a própria performance.
E embora o tema tenha ganhado mais notoriedade após a pandemia, alguns artistas mesmo antes de todo esse caos já vinham cancelando seus shows para cuidar de seu psicológico. Demi Lovato, por exemplo, dona de hits como “Cool for the Summer”, “Sorry not Sorry”, “Heart Attack” e outros surpreendeu os fãs após sofrer uma overdose em 2018 que quase a levou a morte. Durante esse período, seu sexto álbum intitulado “Tell Me You Love Me” estava sendo lançado e a cantora teve que suspender suas performances dedicadas ao projeto para que pudesse se recuperar. A pausa foi necessária para que Demi pudesse se sentir melhor – como já relatou em algumas entrevistas – e pudesse voltar às atividades depois de algum tempo. Esse ano, inclusive, ela passou com sua nova turnê “HOLY FVCK” pelo Brasil.
Em 2017, durante uma série de shows ao redor do mundo, a artista Ariana Grande foi surpreendida com o que foi tratado pela polícia de Manchester como um “incidente terrorista”. A explosão, provocada por um homem-bomba, deixou 22 mortos e mais de 100 feridos, causando pânico generalizado no público presente, que era composto majoritariamente por crianças e jovens. Ariana retornou a Califórnia após o atentado e embora tenha postado uma carta aberta em solidariedade às vítimas e suas famílias, prometendo uma performance beneficente em outro momento, decidiu cancelar o restante dos shows previstos na turnê. Ela passou um bom tempo longe dos palcos e foi diagnosticada com estresse pós-traumático por especialistas e obteve uma grave piora no seu quadro de ansiedade que já existia antes. Segundo Ariana, a suspensão da Dangerous Woman Tour era necessária até que pudéssemos nos despedir daqueles que foram mortos.
Durante esse ano mesmo, pudemos ver de perto esse problema: por pouco, o show de Justin Bieber no Rock in Rio foi cancelado. Em meio a inúmeros rumores que surgiram no período de sua vinda ao Brasil, um deles era o não comparecimento ao festival, que acabou contando com o artista no palco, mas ao mesmo tempo tornando o momento em que Justin viu que não poderia mais fazer aquilo por algum tempo. O dono do hit “Baby” suspendeu a ida às outras cidades que estavam na lista e informou que precisaria dar um tempo para cuidar de sua saúde mental, que já estava afetada pela síndrome de Ramsay-Hunt, doença pela qual vem lutando há algum tempo.
Um exemplo nítido que torna ainda mais evidente a pressão da indústria e a importância de discutir os problemas relacionados a saúde mental é o caso da cantora Amy Winehouse. Ao passo que sua vida profissional era um sucesso, com milhões de discos vendidos e diversas críticas positivas associadas a sua potência vocal, a trajetória de Amy passou a ser muito conturbada devido aos seus problemas pessoais, como os conflitos com seu ex-marido e seu vício em álcool, anfetaminas, heroína, cigarros e outros. A cantora, que foi incluída na lista das 100 grandes mulheres da música, passou a fazer alguns de seus shows obrigada pela sua assessoria, se mostrando visivelmente abalada física e psicologicamente. Além da aparência que apresentava drásticas perdas de peso, agravada pelos seus transtornos alimentares, o comportamento autodestrutivo de Amy foi piorando mediante a falta de privacidade, até que após sair da clínica em que estava internada, obteve uma medida judicial que a impedia de ser fotografada em casa, na casa de amigos ou qualquer coisa do tipo. Mesmo após alguns cancelamentos de shows, sua última aparição em público no palco deixou evidente o quão debilitada ela estava, falecendo 1 semana depois.
Mesmo os cancelamentos impedindo os fãs de terem o tão sonhado contato físico com o ídolo, é preciso entender que existem situações em que a pausa é necessária pra uma possível recuperação. Assim como mencionou o jornalista Ian Winwood (autor de obras que falam da excessiva demanda da indústria musical):
Se um artista cresceu a ponto de todas as pessoas saberem seu nome, essa pessoa já é forte e resiliente. Se eles falam que estão quebrados, acredite.
Ian Winwood
E você, o que acha desse tema? Me conta lá no instagram @isaamenta! Eu sou a Isa Menta e esse foi mais um Moda e Música. Obrigada e até a próxima!