Moda e Música com Isa Menta: RBD no Brasil e pancadaria
Oi, gente! Isa menta aqui para começar o primeiro Moda e Música de fevereiro e para fazer referência ao nome do quadro, nada mais justo do que dedicar ele hoje inteiramente ao assunto que tem dominado as redes sociais nas últimas semanas: o retorno dos shows do RBD e a sua passagem pelo Brasil.
Quem foi adolescente ou pré-adolescente no início dos anos 2000 acompanhou a febre que foi a telenovela mexicana lançada pela Televisa. Inspirada na versão argentina, que obteve menos repercussão, a trama seguia a história de seis alunos da Elite Way School, colégio interno localizado na Cidade do México e abordava temas como conflitos geracionais, desigualdade de classes e sexo. O grupo de protagonistas, inicialmente formado por Dulce Maria, Alfonso Herrera, Christopher von Uckermann e Estefanía Villarreal, estrelou os primeiros episódios da trama, seguidos pela inclusão de Maite Perroni, Anahí e Christian Chavez ao elenco, que, exceto por Estefanía, continuaram pelos mais de 400 capítulos.
Desde sua estreia, o RBD foi um sucesso em termos de recepção pelo público. Em novembro de 2004, os jovens lançaram seu primeiro disco, intitulado “Rebelde” e este alcançou de cara a posição entre os 10 mais vendidos nas paradas musicais de cinco países, incluindo o próprio México e os Estados Unidos. Em 2005, com seu segundo álbum “Nuestro Amor”, não foi diferente, bastando recordar que em apenas 7 horas de lançamento, 127 mil cópias já haviam sido vendidas e, por isso, o grupo recebeu certificação de platina. Um ano depois, o terceiro disco, “Celestial”, foi produzido e, novamente, foi sucesso nas paradas, integrando o topo da Hot Latin Songs da Billboard com uma de suas faixas, “Ser o Parecer”.
Mesmo com o fim da novela em 2006, em 2007, o RBD seguia com tudo e lançou seu quinto álbum, “Empezar desde Cero”, que permaneceu por 22 semanas no topo da Hot Latin Songs, vendeu 320 mil cópias e foi indicado ao Grammy Latino. No mesmo ano, o grupo veio ao Brasil e gravou DVD no Rio de Janeiro, seguido pelo álbum que fizeram ao vivo em Brasília em 2008, mesmo ano em que o RBD anunciou sua separação e fez sua turnê de despedida, onde encerrou, até então de vez, na Espanha. Em 2009, o último disco gravado em estúdio foi lançado “Para Olvidarte de Mí”. Ainda após seu fim, a telenovela e o grupo não ficaram esquecidos, vendendo milhões de discos e sendo considerados no Brasil a segunda banda dentre os artistas internacionais que mais venderam álbuns no território.
Embora eu ainda fosse bem pequena na época de lançamento, algum tempo depois, mesmo pra quem era criança nos anos 2000 e não tinha ideia de quem fosse o grupo, se tornou quase impossível não conhecer o RBD, principalmente porque devido ao sucesso, que inclusive rendeu ao grupo o título de maior êxito do pop mexicano e da América Latina, o SBT decidiu reprisar em 2015 a novela. Estima-se que a banda visitou mais de 23 países fazendo shows e mais de 116 cidades, assim como lugares de extrema relevância, como o Maracanã, o Madison Square Garden e outros com sold out de ingressos. Os múltiplos discos de platina, ouro e diamante deram ao RBD a oportunidade de se tornar mais do que um grupo musical, mas também uma marca. Em todos os lugares era possível perceber lojas vendendo bonecas da Mia, Lupita e Roberta, assim como camisetas estampadas com o rosto dos integrantes, cadernos, gomas de mascar, etc.
Um dos pontos mais marcantes da telenovela, além das músicas, eram os próprios uniformes, que distanciando-se das tradições de vestimentas de uma escola (e nesse caso, principalmente para um colégio interno), eram bem chamativas e informais. Isso incluía várias opções de uniformes que foram apresentadas ao longo da trama, tendo versões em xadrez, preto, jeans, vermelho e até mesmo em coleção de inverno quando foram feitas as filmagens no Canadá. No entanto, o que ficou conhecido como o “clássico RBD” foram as saias e botas nas meninas e as gravatas vermelhas nos meninos. Era quase impossível, como adolescente da época, não querer ir para a escola “vestido de Rebelde”, já que isso trazia a sensação de pertencimento que todo fã gostaria de ter.
A proximidade com a moda era tanta, que em diversos momentos as roupas chamaram a atenção ao longo de sua trajetória. Na própria capa do álbum “Celestial”, os seis integrantes são apresentados em uma proposta totalmente diferente do que antes já havia sido visto: um mix de estilos, com roupas diferentes entre si, ousadas, olhos bem carregados de maquiagem e até mesmo com um cabelo rosa pink em Christian Chavez, o Giovanni da trama. Outra ocasião memorável foi a participação da banda no Miss Universo de 2007, que foi inclusive, o ano em que a brasileira Natália Guimarães alcançou o segundo lugar. Além da apresentação e de todo o carisma dos seis integrantes, a performance ficou guardada nos corações dos fãs por ter looks especialmente pensados para combinar as cores preto e vermelho, causando uma mistura muito harmônica entre o grupo.
Um fato interessante é que essa febre voltada aos uniformes totalmente fora dos padrões, mesmo após mais de 10 anos do encerramento das atividades relacionadas ao RBD, continuou em séries atuais. A própria trama em torno do colégio Las Encinas, na produção espanhola da Netflix “Elite”, lembra muito em certos momentos alguns pontos abordados em RBD, porém com um toque de suspense. Na maioria dos episódios, é possível observar adereços nos uniformes já desconstruídos, como meias arrastão, botas, itens metalizados, boinas, gravatas e outros. Seguindo a linha da própria novela mexicana, em 2012 a emissora Record decidiu comprar os direitos e lançar a versão brasileira, intitulada “Rebelde”, com os atores Sophia Abrãao, Arthur Aguiar, Chay Suede, Micael Borges, Lua Blanco e Mel Fronckowiak, no entanto, a estética dos personagens foi repaginada, assim como seus respectivos e emblemáticos uniformes, não sendo tão amplamente aceita pelo público. Em 2022, a Netflix estreou um reboot da novela com conflitos mais atuais, mais modernos e com a participação de uma brasileira, a atriz Giovanna Griogio.
Em 2020, dois anos antes, o grupo original se reencontrou após 11 anos de pausa para promover a live “Ser o Parecer” com Anahí, Christian, Christopher e Maite sob um fundo produzido por um chroma key. Na época, Alfonso e Dulce não puderam participar. No entanto, no final de 2022, começaram a surgir rumores de que algo estava prestes a acontecer, já que os integrantes se reuniram novamente para promover uma possível turnê. Uma série de posts foram produzidos e no site oficial foi iniciada uma contagem regressiva com fim programado para a data de 19 de janeiro. Após o anúncio, o sucesso do grupo ficou mais do que constatado: em menos de 2 minutos, todos os ingressos já estavam esgotados em todos os setores do evento e cidades onde haviam shows marcados no Brasil. A “Soy Rebelde Tour” agitou os ânimos dos fãs, que além de perceberem a ausência de Alfonso na turnê, foram surpreendidos pela falha em adquirir ingressos devido ao congestionamento do site, falhas na compra e filas virtuais de espera. Vale lembrar que o Alfonso se declarou culpado pelo fim da banda em 2008, já que havia um combinado entre os artistas de que se um deles tivesse o desejo de sair, então toda a banda encerraria.
Eu confesso que não sou tão fã assim para ficar horas no site tentando comprar, mas acredito que as performances no Brasil serão dignas de um verdadeiro comeback. E você, teve sua fase fanática por RBD? Conseguiu comprar os ingressos? Me conta lá no instagram @isaamenta, eu sou a Isa Menta e esse foi mais um Moda e Música, reunindo histórias, curiosidades e indicações dos dois universos aqui no Esse Tal de Rock and Roll. Obrigada e até a próxima!