Geral sentiu: Letrux em Belo Horizonte
Letrux é um showzão da ‘pohaaa’! Fui já sabendo o que iria encontrar e achei, me encontrei e me perdi também em tantas sensações que aquelas poucas horas de show foram incríveis. Nunca tinha ouvido falar dela e só há três meses a encontrei em uma busca que faço sempre por novas bandas.
Tiro certo! Fiquei ‘hypnotized’ e encantado com todas as letras, o timbre nova Rita Lee, essa mistura deliciosa de rock anos 80, romântico e brega. Letícia Novaes conseguiu de uma forma totalmente contemporânea fazer uma releitura de um estilo passado, mas que tem tudo a ver com os tempos de climão que todos estamos vivendo. Um acalanto aos nossos ouvidos e a promessa de uma grande cantora.
Logo que cheguei me deparei com uma fila enorme para os padrões da Autêntica. O evento tava bem cheio e na entrada já dava pra sentir a ansiedade das pessoas em escutar a Deusa. Toda galera hype e cult anos 90 estavam ali, mais o curso inteiro de belas artes da UFMG e muitos, muitos fãs. Se na entrada já estava lotado, lá dentro todos brigavam por um bom lugar perto do palco.
Como tinha algum tempo que não frequentava o espaço, fui dar uma volta, pegar uma bebida e dar uma olhada ao redor. Tanto na parte de cima, quanto de baixo era muita ferveção e alegria, pude reparar que várias meninas e meninos criaram looks que comunicavam com o universo Letrux.
Não demorou muito e o show começou. A princípio, a banda ficou posicionada em uma luz baixa esperando Letícia entrar. Ela chegou enrolada numa manta vermelha e uma luz também vermelha tomou conta de todo o palco. O público batia palma, gritava e a elogiava de todas as formas. Era visível em seu rosto o espanto por encontrar tanta gente ‘maluca’ que tem aqui em Belo Horizonte, como ela mesmo afirmou; “Vocês são muito intensos”. E fomos. Foi entrega total!
Ela iniciou o show com uma introdução meio ensaiada, mas como ela tem todo esse humor bêbada sarcástica, tornou a apresentação muito engraçada e divertida. O repertório começou com ‘Vai render’ e seguiu a ordem do álbum, mais faixas autorais da época do Letuce e alguns covers.
A cada música, o público ficava mais envolvido. Todos gritavam, cantavam e pulavam. Os olhos permaneciam fixos o tempo todo. Escutei de uma menina ao meu lado que queria pegar bebida, mas não tinha forças pra perder um minuto que fosse. E de fato não dava pra perder e nem sair do lugar.
Letícia foi muito performática: cada movimento era carregado de uma voz forte. Ela tomava conta de todo palco e se jogava por cada espaço. Toda troca de música, ela apresentava uma intro pra próxima com intervenções, textos do livro “Da Poesia” de Hilda Hilst e devaneios próprios como:
“… Eu tenho uma tendência a ser amiga dos espíritos e muita dificuldade em tolerar aqueles que não morreram. Os vivos!”
“… Shakespeare era meu tataratataratataravodrastro! De herança eu fiquei só o plágio.”
“… Quando eu era criança meu avô era mordomo do Chacrinha, então ele deu uma festa e a Hebe estava na festa. Situações periclitantes poderiam ter acontecido naquela festa, então Hebe pra não ter uma testemunha infantil começou a me dar vinho…”
“… Eu sai pela festa gritando; quem está aí? Quem está aí? Esta noite essa pergunta volta, mas ao mesmo tempo eu também fico com muita vontade de perguntar quem está ‘aqui’?” (aponta para o coração).
Uma verdadeira apresentação apoteótica com direito a ela se jogar no final do show em meio ao público.Leticia circulou por todo espaço, passando de mão em mão, fazendo ‘geral sentir’ toda aquela noite estranha e maravilhosa. Ela disse inúmeras vezes o quanto estava impressionada com todo mundo, como foi bem recebida e que estava ‘molhada’ com a galera de Belo Horizonte.
Ao terminar repleta de muitos aplausos, declarações e ‘blusada’ na cara. Ela se despediu de todos sem bis e preocupadíssima com o ponto que tinha perdido quando pulou do palco. Todos queríamos mais, mas estávamos satisfeitos e vivos por ter sobrevivido aquela noite foda de climão bom e boas energias.
E você, também foi ao show da Letrux? Conta tudo pra nós nos comentários!