Matando egos com o My Magical Glowing Lens

It’s always around me, all this noise
But not really as loud as the voice saying
Let it happen, let it happen (It’s gonna feel so good)
Just let it happen, let it happen

“Let it Happen”, composta por uma das bandas mais interessantes da atualidade, o Tame Impala, descreve bem o conceito por trás do My Magical Glowing Lens, uma das mais gratas surpresas que eu tive em 1 ano e meio de garimpos sonoros no Rock Cabeça.

Não por acaso, Kevin Parker, a mente e o coração do Tame Impala, é a inspiração primeira da capixaba Gabriela Deptulsky, que tirou sozinha do papel, ou melhor, dos seus sonhos, toda a concepção do MMGL, desde o primeiro EP até o álbum debut.

Única mulher da atual formação, ela dosa suavidade e peso em canções etéreas e apaixonantes como “Sideral”, que abre o lindíssimo álbum “Cosmos”. Tal como a obra do Tame Impala, MMGL é experimental na essência, mas sem deixar de abrir brechas para ouvidos menos despertos.

Também não é por acaso que o MMGL não para de recolher méritos da imprensa especializada. “Cosmos” é consistente do início ao fim e, apesar de beber em influências psicodélicas generalistas como Os Mutantes de Arnaldo Baptista, demonstra identidade própria, alternando faixas em inglês e português. Na soma de tudo, resplandece o carisma de Gabi, que eleva a filosofia do “Do It Yourself” ao patamar da perfeição.

My Magical Glowing Lens é escapismo puro.

Mas em busca de felicidade, contrariando o que Brian Wilson disse no seu Pet Sounds: “Hold on to your Ego”.

Don’t hold on to your ego. Hold on to MMGL.

Obrigado, Gabi.