Moda e Música com Isa Menta: Drake e seu caô
Oi, gente! Isa Menta aqui, mais um Moda e Música começando e dessa vez, o tema do quadro de hoje não poderia ser outro se não sobre os últimos acontecimentos e polêmicas envolvendo a apresentação do rapper Drake no Lollapalooza. Confirmado como atração no palco principal para encerrar o terceiro e último dia de festival, o cantor canadense cancelou seu show até então no início da manhã em que estava confirmado e gerou revolta tanto por parte do público presente, quanto pelos internautas.
@g1 Fãs de Drake reclamam de atitude do cantor de cancelar show no Lollapalooza. Teve até comentário envolvendo a Rihanna… #lollanog1 ♬ som original – g1
Não foi a primeira vez que a vinda do Drake ao Brasil trouxe polêmicas, controvérsias e críticas. Basta lembrar a sua apresentação no Rock in Rio de 2019, onde também era a atração principal da noite. O estresse já começou no momento em que o rapper pisou em solo brasileiro e decidiu simplesmente não cumprimentar nenhum de seus fãs presentes no aeroporto, que mesmo gritando seu nome, foram ignorados. Com o show, o descaso não foi diferente. Eu estava lá no dia e além de começar com atraso e de baixo de muita chuva, diversas pessoas reclamaram que ele parecia “estar com preguiça”, já que encurtou a maioria das músicas, misturou algumas e inclusive usou playback de base em outras. O funcionamento da tirolesa também foi interrompido na hora a mando do cantor e para completar, os fãs que não conseguiram comprar ingresso contavam com a transmissão do show na televisão, assim como aconteceu com a performance dos outros artistas que se apresentaram nesse e nos outros dias, mas foram surpreendidos pela notícia de que Drake proibiu essa transmissão alegando problemas técnicos decorrentes do mau tempo no Rio de Janeiro. Ou seja, sem fotos ou vídeos profissionais. Não ironicamente, o Multishow decidiu reprisar o show da Rihanna com a “Loud Tour” de 2015 em Londres (enquanto o canadense estava se apresentando) e logo o Twitter foi à loucura com o afronte, já que Drake é ex-namorado dela e o término teria se dado após uma suposta traição dele.
Outra reclamação no Rock in Rio foi em relação à iluminação do palco. O cenário todo escuro e apagado fez com que quem estivesse mais atrás não conseguisse nem mesmo enxergar o cantor no Palco Mundo e com a chuva, claro, tudo isso piorou. Alguns chegaram inclusive a desconfiar na internet que a falta de iluminação seria intencional para evitar possíveis transmissões e gravações online, mas nada nunca foi confirmado. O que se sabe é que um dos funcionários responsáveis pelo áudio e pela parte visual foi demitido no dia e teve que voltar para casa sem o motivo ou identidade divulgados. E não parou por aí! Dentre os hits apresentados no show, como “Hotline Bling”, “Know Yourself”, “Passionfruit”, “Energy” e outros, Drake também cantou “Work”, canção gravada junto com a Rihanna e outra atitude dele não pegou nada bem, já que ao cantar a música feita com Chris Brown, pediu para que o público saudasse o colega, o que obviamente não teve muito retorno por toda a polêmica envolvendo o caso de agressão à Rihanna.
Após ser descoberto em 2009 pelo rapper Lil Wayne, em mais de 10 anos de carreira, Drake lançou 14 álbuns, atingiu 50 bilhões de streamings, ultrapassou dezenas de recordes deixados por outros grandes nomes da indústria, como os Beatles e Michael Jackson e passou a ser o artista masculino solo com mais faixas no top 10 da Billboard, com 31 canções no total. Seu álbum “Scorpion”, lançado em 2018, vendeu cerca de 731 mil unidades nos Estados Unidos na primeira semana de comercialização e se tornou o disco mais vendido do ano. O álbum do ano anterior, “More Life”, também foi o mais ouvido no primeiro dia de lançamento em toda a história do Spotify, quebrando outro recorde. Além disso, recebeu diversas premiações, acumulando 27 estatuetas no Billboard Music Awards, sendo 12 destas ganhas no mesmo dia, ultrapassando o recorde de Adele, que até então era a artista mais premiada da história do evento. Em contraposição ao J. Cole e Kendrick Lamar, por exemplo, que vivem abordando temas sociais e políticos em suas letras, Drake recebe várias críticas por não abordar assuntos tão significativos, se restringindo ao campo das experiências pessoais, profissionais e amorosas.
Ele também mostrou ser bastante ligado ao cenário cinematográfico, já que se lançou como produtor executivo de algumas séries e documentários, como Euphoria, Top Boy e The Carter Effect, filme que retrata o impacto que Vince Carter, jogador do Toronto Raptors (time de basquete pelo qual Drake torce), teve sobre a cultura pop e o próprio basquete canadense. Também é dono de uma marca de roupas, a “OVO” (October’s Very Own). Embora ele faça tudo isso e tenha alcançado todos esses feitos históricos no mundo, o que ele ganhou mesmo no Brasil foi o “troféu antipatia”, já que de nada adianta ser talentoso se na vida real as atitudes demonstram um show de estrelismo.
Na sua última vinda, ele chegou inclusive a vestir a camisa do Corinthians, dada de presente pela Nike e até isso o rapper criticou, dizendo que não foi uma boa, já que quase gerou uma guerra num bar. Também se recusou a comer a comida brasileira, trazendo batatas fritas do exterior e um chef de cozinha para fritá-las e mesmo após todos os indícios de que ele odeie o Brasil, o Lolla decidiu trazer ele mais uma vez para cá. O resultado, claro, foi novamente negativo: anúncio de cancelamento por parte do festival no mesmo dia da apresentação, sem mais, nem menos e substituição de última hora do headliner, que passou a ser o DJ Skrillex.
Não só o cantor foi alvo de críticas, como também o próprio festival, já que muitos começaram a questionar como eram realizados os contratos, tanto pela desistência de Drake, quanto pelo cancelamento da banda Blink-182 na mesma edição. Embora os acordos tenham cláusulas que prevejam multas extras de 100% do valor do contrato em caso de cancelamento, na prática o que acontece é apenas a obrigatoriedade de devolução do cachê. E adivinha? Outra polêmica para o Drake. De acordo com diversos portais de notícias, como a Rolling Stone, por exemplo, o rapper até agora não devolveu os 4 milhões de dólares que recebeu para se apresentar.
Mas calma, que piora. Depois de tudo isso, o que se pode considerar como o inimigo número 1 da simpatia e do carisma com os fãs também decidiu se pronunciar dizendo que o público sul-americano não sabe cantar o inglês certo, não tem ânimo e por isso e pelo baixo valor oferecido em cachê (4 milhões de dólares!), não se interessa por apresentar na América do Sul. Em meio aos tweets com seu nome pós cancelamento, surgiu um vídeo em que o rapper é visto poucas horas antes de seu show em um strip club em Miami bebendo e conversando com 50 Cent, que inclusive esteve no Brasil em setembro do ano passado e fez um baita show (eu também estava).
Uma coisa é certa: por mais milionário que seja, dinheiro nenhum compra o senso de empatia, respeito e profissionalismo. Todas essas declarações do rapper só demonstram o quão importante é para a organização dos festivais trazerem artistas que realmente queiram estar aqui. Assim como comentei, eu estive no show do Rock in Rio, inclusive comemorando meu aniversário, que caiu exatamente no dia da apresentação e como fã, é muito ruim ter que admitir que é um artista que, por mais que tenha muito talento e músicas boas, não merece ser chamado de novo no Brasil (para ele, pelo visto é até um agradecimento). Analisar todas essas atitudes negativas com o público brasileiro é ter a certeza de que o ranço é justificável e de que não dá para “passar pano”, definitivamente.
E você, o que acha dessa situação? Me conta lá no instagram, @isaamenta. Eu sou a Isa Menta e esse foi mais um Moda e Música, o quadro que reúne histórias, indicações e curiosidades dos dois universos aqui no Esse Tal de Rock and Roll. Obrigada e até a próxima!