Moda e Música com Isa Menta: Flops

Moda e Música com Isa Menta: Flops

Oi, gente! Isa Menta aqui começando mais um Moda e Música, o quadro que reúne histórias, curiosidades e indicações dos dois universos no Esse Tal de Rock and Roll. Nos últimos dias, as redes sociais foram tomadas pela notícia do flop da Ivete na turnê que estava programada para acontecer esse ano em cidades como São Paulo, Rio, Curitiba e outras. Quem não ficou atrás desse fracasso foi a Ludmilla, que também foi acometida pelos “problemas de demanda” (leia-se baixa venda de ingressos). Tudo isso acendeu alguns debates acerca da trend de artistas que andam fazendo shows que revisitam seu próprio passado e de outras questões que se relacionam aos possíveis motivos dos flops que ultimamente vemos por aí. E é disso que a coluna de hoje vai falar.

Ambas as cantoras planejavam apresentar mega espetáculos, com estruturas gigantescas, efeitos visuais, trocas de figurinos, balé e etc. Tudo isso foi jogado fora com a notícia do cancelamento das turnês. Eu confesso que não entendi muito bem o que aconteceu em relação à Ivete, já que ela é uma artista super tradicional no estilo dela e sempre arrastou multidões pelo Brasil com seus shows, apesar de que ultimamente ouvia falar mais dela como apresentadora do que como cantora.

A Ludmilla, por exemplo, veio com a ideia de um novo estilo de apresentação, a introdução do “Ludmilla In the House”. A intenção era mesclar todas as fases de sua carreira, desde “Fala Mal de Mim”, quando ainda era conhecida como Mc Beyonce, até seus últimos hits, pertencentes a uma “nova era” se assim podemos dizer. A questão é que isso não vendeu. Seja pelo novo posicionamento de imagem de Lud, que não tem nada a ver mais com a funkeira lá no início, seja pelo novo público que a artista conquistou ao longo das mudanças de sua carreira ou até mesmo pelo preço dos ingressos (que pode até ter sido o mesmo problema em relação aos shows da Ivete) já que convenhamos, 700 reais em uma noite é totalmente fora da realidade para 90% da população e até mesmo para quem consome as músicas das duas.

A iniciativa de reunir num mesmo show funk, pagode e pop, ao meu ver, não foi uma boa escolha. Isso porque são consumidores completamente diferentes. O Numanice, por exemplo, é um sucesso em todas as edições justamente por trazer a versão Ludmilla pagodeira, que é aclamada pelo público que realmente gosta do gênero. Esse formato vende muito principalmente por ser o que foge do padrão de suas apresentações, já que a cantora tem como prioridade o funk desde o início. Além disso, não acontece sempre. É a mesma história da Tardezinha para o Thiaguinho, que criou o evento com o intuito de trazer de volta músicas nostálgicas para boa parte de seu público. Um caso de retorno ao passado que deu certo.

É interessante ver o desejo da Ludmilla de “ressuscitar” a Mc Beyonce pontualmente, mas talvez essa não seja uma ideia que de fato venda porque a realidade é que mesmo sendo a mesma pessoa, elas são artistas diferentes. A Mc Beyonce não se parecia com a Ludmilla de hoje e a Ludmilla de hoje não é mais a Beyonce que se apresentava anos atrás, mesmo que atualmente ainda esteja no funk.

É diferente, ao meu ver, do caso envolvendo a turnê “Encontro” do Titãs, por exemplo, que veio com um formato não só inédito, mas também mais exclusivo, levando em consideração que era a última oportunidade do público ver uma das maiores bandas do rock brasileiro tocando e na sua formação original ainda. Nem preciso dizer que tudo que é mais “único” é mais cobiçado, mais valorizado. Isso em diversos ramos, não só na música. A sequência de shows apresentados por eles trouxe uma demanda que atingiu não só os fãs propriamente, mas até uma visita ao passado pelos próprios integrantes.

E por falar em volta às origens, outro grupo que fez isso com maestria foi o NX Zero, que há pouco tempo atrás anunciou shows após 6 anos em hiato. O retorno, claro, foi bem positivo, afinal, que fã perderia a oportunidade de ver seu ídolo se apresentando de novo depois de tanto tempo? Mais uma vez, é interessante observar essa questão da exclusividade em relação ao artista. Quem não teve a possibilidade de estar presente em um show deles antes, quando se deparou com a pausa, com certeza pensou nunca mais poder vê-los e ter a chance de realizar esse sonho (porque para muitos realmente é um). Quando você apresenta um anúncio de retorno, automaticamente o desejo é maior. A disponibilidade e o acesso àquele show estão limitados. Os que não puderam ver de perto antes, são os primeiros a manifestarem o interesse em estarem presentes dessa vez. Principalmente porque o grupo deixou claro que estes shows iriam anteceder uma nova pausa, ou seja, mais um período sem ter ideia de quando retornariam aos palcos.

Essas turnês trazem toda a nostalgia de uma adolescência, de uma fase importante da vida, de um momento marcante, etc. Essa questão pode ser vista não só nos espetáculos nacionais, mas com artistas de fora também. Há 8 anos sem lançar álbum novo ou sem estar nos palcos com a frequência de antes, qual fã não espera por um show que seja da Rihanna? Um exemplo muito claro dessa questão da exclusividade é a apresentação dela no Super Bowl de 2023. Foi o único momento em que o público pôde vê-la performando depois de tanto tempo, o que acendeu uma esperança de comeback que, até então, não chegou perto de acontecer, mas que mesmo após todo esse período parada, não caiu no esquecimento.

Claro que essas são situações pontuais, principalmente porque cada um tem suas próprias especificidades e características, que acabam por não transformar tudo isso em uma receita pronta de bolo. Naquele caso que eu comentei da Ludmilla, a versão “In The House” trazia uma certa exclusividade, um evento inédito, mas ainda assim não funcionou por vários outros motivos que dizem respeito ao estilo da artista em si, na minha opinião. Alguns falam por aí que é porque o mercado mudou, o público vem consumindo outros tipos de música, principalmente depois do TikTok, mas até mesmo o Zé Felipe, que é o protagonista nas canções que ganham dancinhas na plataforma, flopou na venda de ingressos para diversos shows por aí a fora. De novo, não dá para generalizar. Enquanto uns revisitam o passado e isso dá certo nas performances, outros seguem por esse caminho e passam longe do sucesso. A realidade é que nos dias de hoje, os artistas estão constantemente precisando se reinventar e quem não faz isso da forma certa, acaba ficando para trás.

E você, o que acha desse flop de shows? Me conta lá no instagram, @isaamenta, eu sou a Isa Menta e esse foi mais um Moda e Música reunindo histórias, curiosidades e indicações no Esse Tal de Rock and Roll. Obrigada!

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Isabella Menta

Isabella Menta

Isabella Menta (ou só Isa) é mineira, designer de moda e bacharel em ciências humanas, atualmente cursando ciências sociais na UFJF. Apaixonada por moda desde cedo, decidiu unir dois universos até então distintos (mas que se complementam) através do quadro Moda e Música, trazendo histórias, curiosidades e indicações.