Moda e Música com Isa Menta: Mean Girls
Oi, gente! Isa Menta aqui no primeiro Moda e Música de 2024, reunindo histórias, curiosidades e indicações dos dois universos no Esse Tal de Rock and Roll. Que as tendências e toda a atmosfera dos anos 2000 voltaram a cena nos últimos tempos, não é novidade para ninguém. Aqui mesmo no Moda e Música, já falei diversas vezes do quanto o Y2K tem estado presente nas mais variadas produções. E esse ano, que não poderia ser diferente, já começou mais uma vez colocando em evidência elementos dessa época, como a coluna de hoje vai comentar.
No último dia 11, foi lançado nos cinemas o musical do clássico adolescente Meninas Malvadas (ou Mean Girls) adaptado dos palcos da Broadway. A nova produção, que manteve alguns de seus aspectos, se mostrou na verdade ser uma adaptação da adaptação. Mesmo sendo basicamente a mesma história, o que chama a atenção no remake é o novo elenco e agora o uso de smartphones e redes sociais inseridos nas cenas, que na época não foram retratados no filme.
Nessa nova versão, Regina George, que era interpretada por Rachel McAdams, agora é vivida por Renée Rapp. Cady Heron, a heroína da história que Lindsay Lohan deu vida, agora ficou com Angourie Rice, atriz australiana de 23 anos. A dupla das patricinhas, Gretchen (Lacey Chabert) e Karen (Amanda Seyfried), foi substituída por Bebe Wood e Avantika, respectivamente. O garoto principal da trama, Aaron Samuels, ex-namorado de Regina por quem Cady se apaixona e era interpretado por Jonathan Bennett, foi trocado para o sem graça Christopher Briney, que protagoniza a série “O verão que mudou minha vida” no Prime Video. Os amigos que recepcionam Cady na nova escola também foram mudados. Janis, que foi eternizada por Lizzy Caplan e Damian, por Daniel Franzese, agora são de Auli-i Cravalho (que fez a Moana) e Jaquel Spivey. Os únicos atores que são mantidos no novo longa são a roteirista Tina Fey, que dá vida a Sra. Norbury, professora de matemática da escola e um dos principais alvos do Burn Book e Ron Duvall, que interpretou o diretor da escola no filme de 2004.
Outro ponto que é curioso observar é que na trama repaginada, Karen Smith, a amiga loira e burra de Regina George na verdade não é mais loira, e sim morena com traços indianos, totalmente oposta aquela construída pela versão original do filme. Cady, que era ruiva, virou loira e Regina, que antes era conhecida por ser cruel com todos de sua escola, nessa nova produção não é tão malvada assim. Talvez por medo do cancelamento de hoje em dia ou da reação do público atual com determinadas atitudes que ela poderia vir a ter no filme, o que foi observado por grande parte das pessoas é que suas ações foram suavizadas, em comparação com a história da personagem no longa original. A rivalidade entre as meninas ainda existe, a disputa pelo mesmo menino também, mas tensões em cenas como essa são passadas rapidamente.
Outro ponto que acabou virando uma crítica foi a diversidade questionável que a nova produção apresenta. Sem dúvidas, o novo elenco é muito mais diverso do que aquele apresentado em 2004, com a presença de pessoas que não são brancas em posição de destaque e casais LGBTQIA+, no entanto, o filme de agora ainda traz à tona a preocupação com o corpo perfeito que Regina sempre teve, mesmo que já tenha um dentro dos padrões, como desde 2004 foi mostrado. O que se levantou é a incoerência em manter cenas como aquela em que ela se empenha de forma exagerada em contar todas as vezes as calorias dos alimentos que consome numa trama que se propõe a ser uma adaptação dos novos tempos e um debate sobre a diversidade.
Um ponto que me chamou a atenção foi a diferença dos looks de 20 anos atrás para agora. Antes, a cor predominante era o rosa e agora, um dos primeiros looks que Regina George aparece é inteiramente preto e de vinil. As maquiagens, que antes eram muito marcadas pelos blushes, lápis na linha d’água e sobrancelhas finas, agora tem como destaque o delineado gatinho. No geral, todas as personagens seguem padrões de make mais ou menos semelhantes, com glosses incolores ou mais avermelhados, delineados que variam desde o clássico, até o esfumado e os coloridos, mas quem se mostra diferente é a personagem Janis, que é a única que possui delineados gráficos, aplicações com acessórios e sombras coloridas, ou seja, um visual mais extravagante em comparação com as demais. Às quartas, elas ainda usam rosa, como determinado por Regina George e o que se vê é que as roupas ainda são um instrumento de divisão social dentro da trama e isso ainda é visto nos dias atuais.
Esse padrão de determinar dress codes para cada dia da semana, assim como proibir certos itens ameaçando não poder andar com o grupo das poderosas, reforça a ideia de que no geral, as pessoas têm essa necessidade de adotar tendências para se sentirem inseridas em determinados grupos (esse, inclusive, foi o tema do meu TCC na UFJF quando me formei em Ciências Humanas). É curioso que na verdade, o filme Meninas Malvadas foi inspirado em um livro de auto-ajuda chamado “Queen Bees & Wannabes” (2002), que analisava rótulos que as garotas utilizam para definir funções nos grupos sociais. Ou seja, a pauta do status, da necessidade de inserção e desse clima de disputa e hierarquia dentro desses grupos sempre existiu. Mesmo a nova Regina sendo menos ácida do que a primeira, pode-se observar que quiseram dar um ar mais sexy à loira perversa e se distanciar um pouco da imagem de adolescente que a produção original mostrou. Para isso, foram usados mais corsets e mais transparências.
Falando das músicas, já que é um musical, o que me parece é que algumas foram grandes acertos para complementar as piadas mais clássicas que o filme apresenta, como quando Karen é ridicularizada no Halloween, quando Janis e Damian planejam sua vingança contra a abelha-rainha e quando Gretchen solta o comentário de 2004 que ainda se mostra atual, de ser uma regra do feminismo não ficar com o ex-namorado da amiga. É interessante dizer que mesmo sendo um filme adolescente, o sucesso foi tanto que diversos artistas se inspiraram na estética do longa para produzir seus clipes, como foi o caso de Ariana Grande em “Thank u, next”, que trouxe até o próprio Aaron Samuels e passa de cenas desde a escrita do famoso Burn Book, até a apresentação de natal em quarteto e os trejeitos exagerados da mãe de Regina (que no clipe de Ariana é interpretado por ninguém menos que Kris Jenner).
Mesmo sendo considerado um clássico, eu particularmente não sou aquela fã da história do filme e não é um dos meus favoritos, embora tenham sim pautas relevantes e que não saem de moda. Me incomoda um pouco os estereótipos que o primeiro reforça, mas acho interessante que tenham mudado algumas concepções na versão musical, afinal, apesar de ser uma reprodução do longa de 2004, os tempos mudam e com ele, os pensamentos também. O que eu gosto mesmo em Meninas Malvadas é a parte da estética. Para mim, o que realmente é atemporal são as composições de figurino, que tanto na versão de 2004, quanto na de agora, conversam bem entre si, mesmo que com algumas mudanças. Determinados looks ficaram eternizados como os das meninas malvadas e é impossível hoje em dia olhar e não lembrar, então o filme cumpre o que pretende nesse sentido, já que querendo ou não aborda aquela questão que comentei das roupas como um instrumento de inserção nos grupos e algo que é principal para o lifestyle das meninas de lá.
E você, já assistiu a nova produção? O que achou, poderia ter sido melhor aproveitada ou cumpriu bem o que foi proposto? Me conta lá no instagram, @isaamenta, eu sou a Isa Menta e esse foi mais um Moda e Música (estreiando 2024) com histórias, curiosidades e indicações dos dois universos no Esse Tal de Rock and Roll. Obrigada e até a próxima!
Ouça novamente coluna Moda e Música que foi ao ar na Rádio Inconfidência:
E você, já foi aos cinemas assistir ao remake de Mean Girls? O que achou? Conta pra nós aí nos comentários!