Moda e Música com Isa Menta: Taylor Swift causando no Brasil
Oi, gente! Isa Menta aqui começando mais um Moda e Música, o quadro que reúne histórias, indicações e curiosidades dos dois universos no Esse Tal de Rock and Roll. Taylor Swift retornou ao Brasil (após 11 anos) para a The Eras Tour e aproveitando todas as polêmicas e acontecimentos que acompanharam sua passagem pelo nosso país, a coluna de hoje será destinada a comentar um pouco mais do que rolou nesses últimos finais de semana e questionar: será que o Brasil está mesmo preparado para receber grandes shows?
Logo no primeiro dia (17), como repercutiu internacionalmente, o estádio foi surpreendido pela tragédia de Ana Benevides, fã da Taylor de 23 anos que saiu do Mato Grosso e faleceu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória, que, mais tarde, se transformou em hemorragia pulmonar, fruto possivelmente da exposição prolongada e excessiva ao sol e calor. Foram inúmeros os casos de pessoas procurando atendimento por estarem passando mal nas dependências do estádio, assim como no interior dele, queixando-se de tontura, visão embaçada, sensação de desmaio, tremedeira e desidratação. Era proibido entrar no estádio com garrafas próprias e lá dentro, copos eram vendidos por 8 reais. A Tickets For Fun (T4F) só foi se pronunciar a respeito da morte da fã 6 dias após o acontecimento, enquanto Taylor, no dia seguinte, não prestou nenhuma homenagem ou citação direta à Benevides em seu show.
Todo o traslado do corpo teve que ser custeado pela família, que buscou ajuda através de vaquinhas online, já que não possuía condições financeiras para arcar com os custos até o Mato Grosso e não recebeu nenhum apoio por parte da T4F e da equipe de Taylor. Somente após 4 apresentações em silêncio, já que alegou “estar muito fragilizada para comentar a respeito”, Swift se manifestou sobre o falecimento, tendo uma atitude ainda mais insensível: a de convidar a família da jovem morta para conhecê-la e tirar fotos, como se nada tivesse acontecido. Todo o cenário é perturbador, levando em consideração que a tragédia terminou com uma foto da Taylor com a família sorridente e vestindo camisas com o rosto de Ana. Dentro de um cenário com uma soma de fatores negligentes e de uma artista que foi omissa até mesmo para se pronunciar em tempo sobre o ocorrido, a escolha de ir de camarote no show, tirar fotos e ter toda a sua viagem bancada por parte da omissão em pessoa, é uma ironia e tanta. O que me parece, é que foi uma tentativa por parte da cantora de não deixar sua imagem “manchada” num país que é consumidor de suas músicas e de ingressos para os seus shows.
A T4F se manifestou dizendo que foi “um aprendizado para os próximos eventos”, mas será que precisava mesmo esperar uma jovem morrer para fazer o básico, levando em consideração a onda de calor extrema que fazia no Rio de Janeiro? Como tratar uma morte que poderia ter sido evitada como “aprendizado”? Questões como essa geraram revolta no público presente e nas redes sociais, o que acabou levando a prefeitura do Rio e ao Ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), a decretar medidas para que passassem a permitir a entrada de garrafas de uso pessoal a partir do dia 18.
Empresas grandes passaram a ter a obrigação de fornecer o que chamaram de “ilhas de hidratação” gratuitamente, bem como um número maior de brigadistas e socorristas teve que ser acionado. Outras instituições, como o PROCON, também foram chamadas para investigação do caso junto à organização do evento.
Mais uma morte foi vista, dessa vez sem ligação direta com o show, do fã Gabriel, que foi esfaqueado na Praia de Copacabana e não resistiu. O jovem estava na cidade para ver Taylor. Fora os relatos de arrastão na saída do Engenhão, duas outras fãs relataram ter tido queimaduras de segundo grau no dia 18 ao caírem sobre chapas de metal presentes na estrutura do estádio, que chegavam a medir 80ºC. Já em São Paulo, o cenário foi o contrário: muita chuva e frio marcaram os 3 dias de show da Taylor. Na capital paulista, o principal problema foi relatado pelos moradores do entorno do Allianz Parque, uma vez que houve o bloqueio de escolas, entradas de casas, etc.
É válido apontar o impacto enorme que a cantora possui. No Brasil, além de ter sido homenageada no Cristo Redentor, somente durante sua passagem pelo Rio de Janeiro, estima-se que a ocupação de hotéis chegou a 97%. Em São Paulo, a economia foi acometida por um acréscimo de 240 milhões de reais, segundo mapeamento realizado pela empresa SPTuris. A quantidade de turistas na capital paulista beirou os 50 mil, movimentando cerca de 128 milhões de reais. Apesar de todos os imprevistos e acontecimentos não tão bons assim, os 6 shows que Taylor realizou no Brasil tiveram seus ingressos esgotados. Mas daí, vem de novo a pergunta: será que em função de todos os problemas vistos na The Eras Tour, o Brasil está mesmo preparado para receber grandes shows?
A resposta, para mim, é que não. Não adianta ter lugar para fazer o evento, se a organização não sabe lidar com as adversidades climáticas, não oferece o básico (como hidratação) para o público e fecha os olhos para casos trágicos, como o de Ana. A vinda de artistas é ótima para a economia, para o setor hoteleiro, para o turismo no geral, para os próprios fãs, mas realmente é tudo tão bom assim? A passagem desastrosa da turnê aqui põe em cheque até mesmo a negociação de outros shows de grande porte. Falando das partes boas, assim como já comentei aqui no Moda e Música em outro momento, Taylor é detentora de vários recordes (e se você não ouviu esse quadro, vai lá escutar), dessa vez, não poderia ser diferente. Ela foi a primeira mulher artista solo a se apresentar por 3 dias consecutivos no Allianz Parque, quebrando o recorde de público já visto por ali.
Outra boa surpresa foi a abertura dos shows com a Sabrina Carpenter, que já foi um dos rostos da Disney e encantou o público com seu carisma. Um dos pontos altos de sua performance é o último verso de “Nonsense”, no qual ela modifica a letra encaixando e fazendo trocadilhos com o nome da cidade em que está se apresentando.
O figurino de Taylor também não deixa a desejar: muito brilho, pedrarias e glamour para o espetáculo, com diversas trocas de roupa para seguir a vibe de cada música. A loirinha de 1,80m cantou por aproximadamente 3 horas seguidas, fazendo os fãs irem a loucura, principalmente por cantar em cada show uma música surpresa para o público. Outro costume interessante que envolve suas apresentações é a troca de pulseiras que os fãs fazem entre si, chamada de “friendship bracelets”, já que em uma das músicas da cantora, ela fala de compartilhar e fazer pulseiras da amizade.
Sua passagem pelo Brasil, dessa vez, foi bem diferente da última, em 2011, marcada por momentos bem aleatórios até, como a ida ao programa da Xuxa (com crianças que agarravam seus pés e impediam que a cantora andasse), o dia em que Taylor foi no Mais Você e conheceu o Louro José e o que alguns fãs brincam dizendo ser o “marco histórico cultural” de Swift no território brasileiro, quando foi entrevistada por Eliana ao lado de Paula Fernandes, com quem havia lançado a parceria de “Long Live”. O fato é que o Brasil precisa melhorar e muito ao trazer grandes artistas para fazer show aqui. As performances podem ser incríveis, fazerem os fãs irem à loucura, mas o que se pode ver é que em praticamente nenhuma das vezes é tão bom assim quanto parece em toda a parte do tempo. E você, o que achou dessa vinda em 2023? Me conta lá no instagram @isaamenta, eu sou a Isa Menta e esse foi mais um Moda e Música, o quadro que reúne histórias, curiosidades e indicações dos dois universos no Esse Tal de Rock and Roll. Obrigada e até a próxima!
Veja vídeos do Show de Taylor Swift em SP:
Ouça novamente a coluna Moda e Música que foi ao ar na Rádio Inconfidência:
Diga pra nós, o que você achou da passagem de Taylor Swift pelo Brasil?