Moda e Música com Isa Menta: o Grunge
Seattle, fim da década de 80, início dos anos 90 e muito estilo, distorção e um desleixo milimetricamente calculado: aumenta aí o som, porque hoje é dia de falarmos sobre o grunge!
Sendo a junção de elementos do punk e do heavy metal, o estilo inaugurou o que foi considerado o último movimento do rock. E como nós já vimos nos programas anteriores, já deu pra perceber que tudo nesse cenário “moda x música” tem uma razão antes de existir e atingir seu sucesso, né? Assim, para entender o que de fato foi o grunge, é preciso compreender o contexto em que ele se deu.
Vindo de uma pronúncia mais relaxada de um jargão bastante conhecido na época, o termo ‘grunge’, pra quem não sabe, significa ‘sujo’ ou ‘sujeira’ em inglês. Sua estética, como a tradução aponta, sugere que o estilo veio para trazer letras certamente mais desleixadas ao cenário musical, falando de angústia, sarcasmo, abuso, negligência, isolamento, traumas e questões delicadas, consideradas tabus para o início da década de 90.
O movimento, também chamado de “Som de Seattle”, como o próprio nome diz, surgiu na cidade, localizada em Washington, Estados Unidos (até então isolada do cenário musical do restante do país, que focava em Los Angeles e Nova York). Por ser uma sede portuária do estado, quase na divisa com o Canadá, Seattle apresenta grande incidência de chuvas e temperaturas que variam em larga escala durante os dias, o que explica o uso recorrente de peças de frio pelos seus moradores. E não por coincidência, a moda grunge era uma mistura do punk com o próprio dia a dia regional.
Assim, uma das peças mais marcantes foi a famosa camisa xadrez de flanela, que teve sua origem lá no vestuário dos lenhadores canadenses, que as utilizavam para trabalhar por conta do clima, das temperaturas e da fronteira (inclusive o pai de Kurt Cobain era um dos que trabalhava nessa indústria, guardem aí esse nome!). Uma curiosidade interessante é que essa peça foi bastante popularizada na época pelo fato de unir não só o seu bom preço (por se tratar de um material relativamente barato), mas também por sua forma utilitária, já que era usada amarrada à cintura, tornando fácil vesti-la novamente caso esfriasse de forma repentina.
Mesmo tendo a agressividade do punk como uma influência, pode-se dizer que o subgênero a que estamos falando apresentou uma vibe bem mais despojada e é bem curioso perceber como enquanto antes havia um apelo “anti-moda”, no grunge o ideal era justamente o “sem moda”. As vestimentas do público e das grandes bandas do período, como Nirvana, Pearl Jam, Alice in Chains e Soundgarden, eram as mesmas independente da ocasião, indo desde o ato de dormir até o momento dos shows propriamente ditos, sem distinção e contrariando todos os excessos do glam. Outro ponto bem legal é que toda a moda era praticamente unissex, o que ia contra os sexismos da época.
E lembram que falei antes do Kurt Cobain? Com os holofotes virados para o Nirvana após o lançamento de seu álbum “Nevermind” em 24 de setembro de 1991 e o sucesso de “Smells Like Teen Spirit” (um clássico do rock alternativo), pode-se dizer que ele conseguiu revolucionar não só o movimento – já que atingiu o ápice daquela geração de ouvintes – mas também a moda naqueles anos, difundindo o uso de camisetas de bandas, correntes nas calças rasgadas, bandanas, coturnos, jaquetas de couro sintético e peças super largas com escritos que na maioria das vezes eram em protesto. Um exemplo disso é a primeira foto da banda publicada pela revista Rolling Stones, que trazia Kurt na capa com uma camisa dizendo “revistas corporativas ainda são um saco”.
Falando das bandas de sucesso do período, Alice in Chains apresentava um som pesado de guitarra cheio de distorções, dando espaço pra composições vocais mais complexas (como podemos ver em sua música de maior sucesso, intitulada “Would?”); enquanto o Nirvana possuía refrões pesados, intercalados entre momentos mais calmos e agitados. O sucesso do grunge foi tanto, que alguns especialistas dizem que é um dos movimentos culturais mais importantes desde os hippies, vocês sabiam?
Mesmo com a frequência de clipes passados pela MTV de todas essas bandas e o sucesso de “Nevermind” com mais de 400 mil cópias por semana, além de várias posições de destaque na Billboard, o grunge entrou em decadência após a morte de Kurt. Somado a isso, Pearl Jam cancelou diversas turnês em represália ao fato de uma empresa ter inflacionado o preço de seus ingressos, passando anos sem fazer shows como antes. Já o Alice in Chains chegou em seu declínio em 1996 após suas últimas aparições com o vocalista e por fim, em 1997, o Soundgarden se separou. Todos esses fatores, somados, marcaram o encerramento do grunge. Mas será que ele morreu mesmo?
A boa notícia, pra quem não sabe (e eu também não sabia!) é que recentemente a Rolling Stones divulgou que uma nova banda chamada “3rd Secret” foi criada com nada mais, nada menos do que integrantes do Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden – totalmente sem aviso prévio ao público. Loucura, né? No seu álbum de estreia, podemos observar, claro, além de muitos elementos do grunge e do rock alternativo, faixas acústicas com a inserção de novos instrumentos que dão pra matar bastante a saudade daqueles que são fãs de carteirinha.
E vocês, acham que o grunge pode voltar com força total ou está na hora de dar lugar a novos estilos e enterrá-lo de vez? Eu sou a Isa Menta e esse foi mais um Moda e Música, o quadro que irá unir os dois universos através de curiosidades, histórias e indicações. Aproveito para convidá-los a me seguir lá no instagram, @isaamenta! Obrigada e até a próxima!
Escute a coluna Moda e Música da Isa Menta na Rádio Inconfidência:
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