O mundo segundo Dolores 602

“Acordar bem, que mal que tem, meu bem?”

O primeiro verso de “Ponto Zen”, faixa do melhor álbum independente de 2018 (até então, né) , “Cartografia”, resume bem do que se trata a banda Dolores 602: otimismo, poesia, leveza e muito swing. Segundo as próprias integrantes, o som pode ser denominado, com alguma dificuldade, de “indie-pop”, embora reúna elementos do rock, folk e mpb (só para citar os mais populares).

Mais do que 4 máquinas de fazer boas composições, a Dolores 602 adentra o mercado fonográfico levando a sério a proposta de empoderamento feminino. É um dos poucos grupos formados e assessorados apenas por mulheres, atrás e em cima dos palcos, uma vitória significativa em tempos agudos de machismo e violência contra a mulher.

Engajadas e bem-humoradas, é sobretudo uma delícia entrevistar essa galera, conforme você mesmo pode comprovar pelas risadas entre uma pergunta e outra. Dolores 602 é sintonia, amizade e foco. É Cartografia rumo ao sucesso, aqui ou lá fora. Uma beleza. Ou melhor, 4. O mundo segundo Dolores 602 é muito melhor de se viver.