O Pop Cabeça de Wills Tevs
Espasmo: contração muscular involuntária, súbita, anormal e geralmente acompanhada de uma dor localizada e enrijecimento prolongado do músculo ou uma série de contrações musculares involuntárias alternando com relaxamento.
Ciência e música nunca se deram tão bem quanto no trabalho de Wills Tevs, direto de São Paulo para o universo, seja ele o quântico ou o íntimo-pessoal de cada um de nós. Para este novo artista que chega à cena com o carimbo de qualidade dos queridos da Plutão Já Foi Planeta, os espasmos simbólicos gerados pelas suas composições são, antes de tudo, frutos da sua própria verdade.
Não importa o gênero musical e nem a fusão de estilos, a autenticidade da composição deve ser a essência e o centro de tudo.
Wills Tevs
A melodia do espasmo
Wills Tevs lançou seu álbum de estreia, Espasmonumental, em julho deste ano. Segundo ele, o disco “explora emoções extremas dentro do universo pop e indie rock”. No entanto, o trabalho vai além do que hoje entendemos por rock como gênero musical. “Acho que o rock deixa a desejar quando é focado só em riffs e passagens instrumentais, sem uma melodia vocal que protagonize a música“, diz Tevs, que nos entrega a melhor concepção do “pop cabeça” desde o fim dos Talking Heads.
A faixa de abertura de “Espasmonumental”, “A Sós”, é uma síntese dessa obra, ao usar sua técnica vocal para trazer paz e reflexão na primeira parte, e intensidade e angústia no desfecho. O instrumental com guitarra, baixo, teclado e bateria acompanha a transição do leve para o pesado, sustentando a mensagem de busca pela redenção para o sentimento de perda. A música chamou a atenção de Spotify e Deezer, que a incluíram em playlists editoriais. A produção é assinada por Rodrigo Cunha e Gustavo Arruda (guitarra e vocal da Plutão Já Foi Planeta).
2 Toques com Wills Tevs
RC – O pop brasileiro anda meio monótono e você chega com a proposta de uma fusão de gêneros, com um verniz moderno, nunca antes vista nos últimos anos. Qual a mensagem você quer passar com sua música, existe algum elemento que una canções tão diversificadas?
WT – Quando pequeno, no fim dos anos 90 e começo dos 2000, eu tive contato com músicas que, independentemente do gênero musical, tinham em comum composições marcantes. Versos e refrões com melodias bem trabalhadas e originais ficavam na memória, e isso era até mais importante que as letras. Eu sinto que isso se perdeu depois daquela época, talvez pelo ritmo intenso do mercado musical, que pressiona artistas por lançamentos contínuos e por termos um público cada vez menos exigente com isso. Vejo pessoas que se ligam mais no que os artistas fazem nas redes sociais e como se posicionam. Isso também é legal, mas a música ficou em segundo plano, sabe? Então, meu desejo é apenas fazer um som que saia da caixinha, que não seja um produto, e sim uma fonte de inspiração para as pessoas. Que minhas músicas sejam mais importantes que eu. Acho que o rock deixa a desejar quando é focado só em riffs e passagens instrumentais, sem uma melodia vocal que protagonize a música. Assim como o pop não é excelente se a melodia for reciclada. Então minha mensagem é: não importa o gênero musical e nem a fusão de estilos, a autenticidade da composição deve ser a essência e o centro de tudo.
RC – “Pulo no mar” é uma espécie de bússola apontando para onde você deseja navegar. A versatilidade de bandas como Plutão Já Foi Planeta é algo que lhe interessa como artista e compositor?
WT – A versatilidade é, para mim, um dos grandes trunfos dos artistas que tenho como referência. Plutão Já Foi Planeta é um deles, até por isso, foi incrível contar com a participação especial de Gustavo Arruda em “Pulo no Mar”. Ele inclusive produziu meu álbum de estreia, Espasmonumental, e soube identificar minha identidade multifacetada pra que a gente produzisse 11 músicas, cada uma revelando uma parte do que eu sou. Eu diria que o álbum completo é essa bússola, pois criamos uma montanha-russa de ritmos e sensações, expressando angústia, ansiedade, superação, reflexão. Fundindo indie rock com ska, r’n’b, pop, punk, new wave. Quis mostrar, logo de cara, que as pessoas que acompanham meu trabalho podem esperar de tudo e não há uma indicação óbvia de qual será meu próximo passo. Então, se permitam serem surpreendidos!
Confira o vídeo de Wills Tevs: Pulo no Mar
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