Toca Raul: uma viagem no tempo pelo rock nacional
Hoje, 13 de julho, dia mundial do rock, vamos relembrar alguns dos principais capítulos da história do rock nacional, um movimento que, claro, bebeu na fonte da beatlemania lá atrás mas, logo em seguida, adicionou ao iê-iê-iê elementos bem tropicais.
Roberto Carlos e a Jovem Guarda
E é praticamente impossível falar sobre os primórdios do rock brasileiro sem citar Roberto, Erasmo, Wanderléa e a Jovem Guarda – que volta e meia é revisitada por novas gerações.
Bem, lá na década de 60, era muito difícil achar quem não fosse influenciado pela febre Beatles e Rolling Stones, aqui e lá fora. Nesse mesmo período, a TV se torna o grande espaço de popularização de artistas no Brasil, e falo especialmente do programa Jovem Guarda, da Record paulista, transmitido em 1965 e que batizaria o movimento.
E para ilustrar este capítulo, nada melhor que uma música do Rei Roberto Carlos no mínimo polêmica. Isso porque, mais tarde, o próprio cantor deixaria de cantá-la em nome de convicções religiosas. Estou me referindo a “Quero que vá tudo para o inferno” lançada pela primeira vez no álbum “Jovem Guarda” de 1965.
“Quero que vá tudo para o inferno” é uma música que só recentemente ele voltou a cantar, com a condição de que o inferno fosse apenas uma metáfora.
Toca Raul! Vida e morte de Raul Seixas
Agora, vamos adicionar um pouco de loucura nessa mistura para falar de 1 patrimônio mundial do rock nacional: Raul Seixas
Em primeiro lugar, o que dizer desse Maluco Beleza que é considerado por muitos como o legítimo pai do rock brasileiro?
O baiano que foi uma mosca na sua sopa muito à frente do seu tempo, colecionando pactos com o capiroto e uma infinidade de letras que desafiavam o status-quo? Que até hoje inspira gritos de “Toca, Raul” nas arenas? Inesquecível o momento em que, no Rock in Rio 2013, Bruce Springsteen abriu seu show com uma versão, pasmem, em português de “Sociedade Alternativa”?
Para homenagear este que foi um dos maiores poetas do nosso rock brazuca, vamos com uma música que já foi reinterpretada por inúmeros artistas. Estou falando de “Ouro de Tolo”, que, tristemente, acabou sendo uma premonição da morte do próprio Raul, encontrado morto dentro de casa pela sua empregada em 21 de agosto de 1989.
Nessa seara, impossível não mencionar também Os Mutantes de Rita Lee, Arnaldo e Sérgio Dias, que desencantaram o estilo que jazia adormecido no país com suas guitarras elétricas e distorções.
Rock Brasília e os anos 80
E agora vamos falar de um dos movimentos mais queridos, até hoje, pelo público, o rock dos anos 80, que tem como matriz o punk-rock que nascia na burocrática Brasília, encabeçado por figuras até então desconhecidas como Renato Russo, Philippe Seabra e Dinho Ouro Preto, amigos que teriam suas vidas transformadas por suas bandas co-irmãs – Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial.
E a história do país também se transformaria a partir do momento em que Renato Russo, um tímido professor de inglês e ávido consumidor da cultura gringa, arregimentava dois novatos, o guitarrista Dado Villa Lobos, o baterista Marcelo Bonfá, além do baixista Renato Rocha, e formava a Legião Urbana. A data era maio de 1985, e a primeira música de trabalho da Legião Urbana, de cara, já era um hit. Ela mesma: vamos com “Será”.
Mas, em relação aos anos 80, não podemos deixar de destacar o impacto que também tiveram bandas como Blitz e RPM – que, com seus fãs clubes, enchiam arenas em todo país. Certamente, a década mais festiva do rock brasileiro.
A era da Eme-Tevê e o rock independente brasileiro
Depois de passar pela Jovem Guarda, esbarrar em Raul Seixas e Mutantes e desembarcar nos anos 80, vamos àquela que é considerada a última década realmente produtiva do rock brasil: os anos 90, transformados pelo fenômeno do Nirvana e, principalmente, da MTV.
Ao mostrar para o mainstream que o que era feito no underground tinha muito mais a ver com o que a juventude queria no início dos anos 90, o Nirvana escancarou a porta para a chegada de bandas alternativas que, até então, não tinham espaço frente aos medalhões, e a MTV foi a emissora que mais captou essa oportunidade.
Na esteira, surgiram bandas com forte influência do grunge, mas que, sabiamente, sabiam mesclar o som com o gingado brasileiro, fosse o Raimundos cantando seu hard-rock em português com sons regionais, ou o Chico Science e a Nação Zumbi gestando seu mangue-beat para o mundo. Em Minas, não foi diferente: daqui sairia uma leva de bandas que até hoje são unanimidade, como Skank, Pato Fu e Jota Quest, todos abençoados com o pioneirismo do Sepultura, é claro.
E para a gente encerrar essa história do rock com um sotaque mineiro, nada melhor do que o Skank, concorda? Vamos então com “Macaco Prego”, que está em seu álbum de estreia, Skank de 1992.
Essa foi uma das primeiras músicas lançadas pelo Skank encerrando nossa homenagem ao dia mundial do Rock. É claro que mais tarde viriam o movimento EMO e, mais ainda, os rebeldes encabeçados por Charlie Brown Jr, afinal, a história do rock não para e nunca vai parar. Por aqui, você fica com o Rock Cabeça, um espaço onde o estilo é renovado todos os sábados. Como diria Mick Jagger, é só rock and roll, mas a gente gosta. Até a próxima!
Confira o Rock Cabeça especial do Dia Mundial do Rock com uma retrospectiva de medalhões que já passaram pelo programa!
Para você, qual nome do Rock Nacional não pode faltar em qualquer lista histórica? Diga aí nos comentários!