The Vaccines acerta na dose em segundo show no Cine Joia em mais de uma década
Depois de 11 longos anos, The Vaccines imunizou (com o perdão do clichê) o público brasileiro com um show antológico e fez valer cada segundo de espera com sua dose (opa) reforçada de rock and roll raiz em única apresentação no Cine Joia na última quinta-feira (21), a mesma casa de show paulistana que os recebeu da primeira vez. E a expectativa que os caras aplacaram foi altíssima, após 4 álbuns de estúdio, mudança de formação da banda e, obviamente, milhares de pedidos de “come to Brazil” pelas redes dos artistas. Eis que em agosto deste ano veio a notícia que todos esperavam: a data do show (único) e de cara a abertura de venda dos ingressos.
Na fila do lado de fora da porta do Cine, a poucas horas do show, a notícia de que o baixista da banda, Árni Arnason, não iria comparecer por problemas familiares, abalou os fãs de carteirinha, mas logo toda a aflição foi dispersa com a chegada de Timothy Lanham e Yoann Intonti. Os músicos atenderam a todos com muita calma e tranquilidade. Perguntado sobre as primeiras impressões sobre o Brasil, Intonti falou sobre como estava empolgado por conhecer o país finalmente. “Eu sempre quis vir ao Brasil, e eu estou muito animado, acho que o show vai ser incrível!”. Já sobre o almoço, depois de postarem no Instagram uma moqueca baiana, Lanham brincou: “Eu adorei! Foi a comida mais saudável que comemos nos últimos tempos!”.
Logo surgiram Justin Young, vocalista, e Matt Hitt, acompanhante da banda na tour desde a saída de Freddie Cowan em 2022. Hitt se resumiu a acenar de longe, prometendo voltar depois, enquanto Young se aproximou, falando sobre como havia acabado de acordar e estava empolgado para a noite. O show começou pontualmente, logo após a abertura de Apeles com participação da banda Vanguart e a cantora Yma. A entrada de Helio Flanders, inclusive, foi um ponto alto, trazendo uma pitada de jazz com o toque de trompete. A parceria entre os dois funcionou bastante, e a mistura de rock, psicodélico e post punk com Yma fechou lindamente a performance. A apresentação surpreendeu, embalando até mesmo quem não conhecia e estava no front pela The Vaccines.
Young, Lanham, Intonti, Hitt e Park (técnico de som da banda que substituiu Arnason no baixo) subiram ao palco em meio ao delírio da plateia. O setlist foi impecável: entregou os maiores sucessos desde a era What did you expect até, claro, o disco mais recente Pick up full of pink carnations. Young parecia bem feliz, fazendo brincadeiras, recolhendo cartazes e, claro, comentando da longa espera desde a última vez no Brasil. O vocalista conversou muito com a plateia entre as canções – parte importante para dar um respiro em meio ao calor do espaço, assim todo mundo podia se recuperar para cantar e pular intensamente nas próximas canções.
O público estava animado e só não incendiou o Cine Joia porque a temperatura já estava quente por si só. A banda, aliás, pingava suor desesperadamente, o que resultou em Lanham apenas de regata da metade para o fim do show – coisa que todos e todas adoraram, claro. Arrisco dizer que Young ficou surpreso ao ver que todos cantaram Sometimes, I swear inteira, abrindo as canções após o bis, que foi acompanhada de A lack of understanding, Lunar eclipse e All my friends are falling in love.
The Luke Branch, 28, descreveu o show como “Simplesmente perfeito, o ápice do britânico”. E esse pareceu ser o consenso do público. “Eu já fui em mais de 50 shows ao longo da vida e acho que realmente esse foi o melhor de todos. Eu realizei o sonho da minha vida. Estou de alma lavada – e corpo lavado também, por causa do suor”, brinca Mariana Fischer, 29. Todos saíram em êxtase. Agora, a pergunta que fica é: já pode começar a pedir “Come to Brazil” de novo?